quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

EU VOU

EU VOU! POR ISSO DIVULGO COMO RECEBI!

EU VOU-2 MARÇO
Já não consigo entender: Então o "Melhor Povo do Mundo" resolve agora rebelar-se contra quem só quer o nosso bem (????), contra quem tem cumprido TODAS as Promessas (????) feitas ainda como Oposição, durante a Campanha Eleitoral e já como Governo, acabando com as Gorduras do Estado (????), com as Mordomias (????), PPPs(???), Enriquecimento Ilícito (????), Crimes de Colarinho Branco (????), Corrupção (????), não aumentou Impostos (????), nem IVA (????), nem tocou nas Reformas (????), recuperou os Dinheiros Roubados e deu instruções à Justiça para os castigar exemplarmente (????), pôs termo às Fundações Privadas (????), Institutos (????), Observatórios (????) e mais cargos que só serviam para dar Bons Vencimentos aos Filhos dos Pais bem colocados na Quadrilhocracia (????), enfim tornou este poço de germes infectos num país Decente, Honrado, Respeitado, Democrático como os Portugueses merecem. Não me digam que em quase 2 anos de Governação se esqueceram de pôr tudo isto em prática. Esqueceram? Então já entendo a Rebelião, aprovo, aplaudo, integro e congratulo-me por finalmente ver o Povo Português a dar um BASTA! nas iniquidades que lhe têm inflingido. A sequência tem que ser Pagar as Dívidas, Repôr a Carga Fiscal anterior, Governar com Competência e Honestidade.

EU VOU, 2 DE MARÇO - NÃO ESQUEÇAM !
Somos todos precisos. Todos: funcionários públicos e do privado, efectivos, contratados, precários, reformados, pensionistas, estudantes e desempregados. O Orçamento do Estado para 2013 vai ser posto em prática contra nós. Cortes, penhoras, despejos, despedi mentos, dispensas são uma realidade diária, imposta à força, no país em que vivemos.
Custe o que custar, dizem. Doa a quem doer, dizem. Mas sabemos que custa sempre aos mesmos, que dói sempre aos mesmos. E que os mesmos somos sempre nós.
2013 ainda não começou e já sabemos bem demais o que aí vem, porque a fome já se faz sentir em muitas casas, em muitas ruas, em muitas escolas. A doença e a miséria já matam, aqui e nos outros países reféns da Troika, esse governo não-eleito que continua a decidir o nosso futuro, que continua a condenar-nos os sonhos à morte, o futuro ao medo, a vida à sobrevivência. Gente que ninguém elegeu e que fala já de medidas de contingência para este mesmo Orçamento, que passarão, dizem, por novas baixas nos salários. Pela miséria nossa que lhes traz lucro a eles.
Depois de durante quase dois meses sentirmos na pele os efeitos deste Orçamento criminoso e imoral, a Troika regressará ao nosso país a 25 de Fevereiro, para a 7ª avaliação do assalto financeiro a que este governo, ajoelhado e sem legitimidade, insiste em chamar “de resgate". Sabemos já de cor o teor das mentiras que dirão: que estamos a cumprir, que vamos no bom caminho, que tudo está como deveria estar. Mas esse caminho, o "bom" caminho no qual estamos e (se deixarmos) estaremos, será, como é hoje, o caminho para o cadafalso, o caminho da fome, da miséria, da destruição total da Constituição da República que este Governo e esta Presidência juraram defender, mas que violam constantemente, sem qualquer dúvida ou arrependimento. Já não fazem nada sequer próximo daquilo para que foram eleitos.
Mas nós somos cada vez mais. Somos já muita gente que se recusa a continuar calada. Já mostrámos a força da nossa voz e do nosso protesto. Em Portugal e noutros países, saímos à rua pacificamente, para dizer Basta. E o mundo inteiro ouviu e viu a nossa força. Sabíamos que essas enormes demonstrações de vontade, apesar da sua dimensão, não seriam suficientes, que a luta seria dura e longa e que teria de continuar. A força dos que nos oprimem é cega e obedece a uma rede internacional, para a qual somos apenas um nó insignificante. Mas esse nó é constituído por milhões de pessoas.
Pessoas que sentem, pessoas que sofrem, mas que não deixam por isso de pensar, não deixam por isso de saber que têm de agir. Não vamos deixar que se repita a história e que acabemos entregues a regimes totalitários, reféns do ódio, da miséria, da guerra.
Por isso, a 2 de Março, unidos como nunca antes, com a força da revolta na voz e a solidariedade nos braços que entrelaçamos, sairemos de novo à rua, todos para dizer NÃO.
Apelamos a todos os cidadãos, com e sem partido, com e sem emprego, com e sem espe rança, para que se juntem a nós. Como apelamos às organizações, aos movimentos cívicos, aos sindicatos, aos partidos políticos, às colectividades, aos grupos informais, de norte a sul, nas ilhas, no estrangeiro, para que saiam à rua e digam BASTA.
Faremos de cada cidade, de cada aldeia, de cada povoação, um mar de força e gente, exigindo o fim definitivo da austeridade desumana, a queda do governo e o lançamento das bases para um novo pacto social. Sem troikas, sem políticas recessivas, sem inevitabilida des, sem despedimentos, sem sacrifícios irracionais que já todos percebemos aonde levam: à miséria total, ao fim de toda e qualquer esperança de uma vida digna, ao fim do Estado Social.
Usemos o tempo que nos separa desta data para construirmos um caminho, para alertarmos este, para esclarecermos aquela, sem perdermos de vista os nossos objectivos: o derrube total e inequívoco deste governo, o derrube da austeridade enquanto política que, ao contrá rio do que nos dizem, não funciona. Porque apenas funciona contra nós, contra o povo, con tra os povos, quem quer que seja o seu intérprete - troika ou troikistas.
Concentremos energias e forças numa mobilização sem precedentes, sabendo que só juntos venceremos.
É preciso união.
Somos precisos - todos nós.
Vamos manifestar-nos na tarde de 2 de Março!
A troika e o governo vão ouvir-nos gritar:
O POVO É QUEM MAIS ORDENA!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

por acaSO VALEM A PENA...

COMPOSIÇÃO DO GABINETE DO ''NOSSO'' PRIMEIRO-MINISTRO
Função
Nome
Idade
Nomeação
Vencimento
Chf, Gabinete
Francisco Ribeiro de Menezes
46 anos
06-08-2011
4.592,43
Assessor
Carlos Henrique Pinheiro Chaves
60 anos
21-06-2011
3.653,81
Assessor
Pedro Afonso A, Amaral e Almeida
38 anos
18-07-2011
3.653,81
Assessor
Paulo João L, Rêgo Vizeu Pinheiro
48 anos
11-07-2011
3.653,81
Assessor
Rudolfo Manuel Trigoso Rebelo
48 anos
21-06-2011
3.653,81
Assessor
Rui Carlos Baptista Ferreira
47 anos
21-06-2011
3.653,81
Assessora
Eva Maria Dias de Brito Cabral
54 anos
12-10-2011
3.653,81
Assessor
Miguel Ferreira Morgado
37 anos
21-06-2011
3.653,81
Assessor
Carlos A Sá Carneiro Malheiro
38 anos
01-12-2011
3.653,81
Assessora
Marta Maria N, Pereira de Sousa
34 anos
21-06-2011
3.653,81
Assessor
Bruno V de Castro Ramos Maçaes
37 anos
01-07-2011
3.653,81
Adjunta
Mafalda Gama Lopes Roque Martins
35 anos
01-07-2011
3.287,08
Adjunto
Carlos Alberto Raheb Lopes Pires
38 anos
21-06-2011
3.287,08
Adjunto
João Carlos A Rego Montenegro
34 anos
21-06-2011
3.287,08
Adjunta
Cristina Maria Cerqueira Pucarinho
46 anos
23-08-2011
3.287,08
Adjunta
Paula Cristina Cordeiro Pereira
41 anos
22-08-2011
3.287,08
Adjunto
Vasco Lourenço C P Goulart Ávila
47 anos
21-11-2011
3.287,08
Adjunta
Carla Sofia Botelho Lucas
28 anos
25-01-2012
3.287,08
Técnica Especialista
Bernardo Maria S Matos Amaral
38 anos
07-09-2011
3.287,08
Técnica Especialista
Teresa Paula Vicente de Figueiredo Duarte
44 anos
21-07-2011
3.653,81
Técnica Especialista
Elsa Maria da Palma Francisco
40 anos
16-01-2012
3.653,81
Técnica Especialista
Maria Teresa Goulão de Matos Ferreira
49 anos
18-07-2012
3.653,81
Secretária pessoal
Maria Helena Conceição Santos Alves
54 anos
18-07-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Inês Rute Carvalho Araújo
46 anos
18-07-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Ana Clara S Oliveira
38 anos
13-07-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria de Fátima M L Hipólito Samouqueiro
47 anos
21-06-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria Dulce Leal Gonçalves
52 anos
01-07-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria M, Brak-Lamy Paiva Raposo
59 anos
13-07-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Margarida Maria A A Silva Neves Ferro
53 anos
21-06-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria Conceição C N Leite Pinto
51 anos
21-06-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria Fernanda T C Peleias de Carvalho
45 anos
01-08-2011
1.882,76
Secretária pessoal
Maria Rosa E Ramalhete Silva Bailão
58 anos
01-09-2011
1.882,76
Coordenadora
Luísa Maria Ferreira Guerreiro
48 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Alberto do Nascimento Cabral
59 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Ana Paula Costa Oliveira da Silva
42 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Elisa Maria Almeida Guedes
47 anos
01-01-2012
1.500,00
téc, administrativo
Isaura Conceição A Lopes de Sousa
59 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
José Manuel Perú Éfe
60 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Liliana de Brito
50 anos
01-01-2012
1.500,00
téc, administrativo
Maria de Lourdes Gonçalves Ferreira Alves
61 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Maria Fernanda Esteves Ferreira
57 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Maria Fernanda da Piedade Vieira
61 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Maria Umbelina Gregório Fernandes Barroso
47 anos
01-01-2012
1.500,00
téc, administrativo
Zulmira Jesus G Simão Santos Velosa
47 anos
01-01-2012
1.506,20
téc, administrativo
Artur Vieira Gomes
53 anos
01-01-2012
1.600,15
téc, administrativo
Benilde Rodrigues Loureiro da Silva
58 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Fernando Manuel da Silva
68 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Francisco José Madaleno Coradinho
45 anos
01-01-2012
1.472,82
Apoio Auxiliar
Joaquim Carlos da Silva Batista
57 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
José Augusto Morais
51 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Maria Lurdes da Silva Barbosa Pinto
58 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Maria de Lurdes Camilo Silva
65 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Maria Júlia R Gonçalves Ribeiro
58 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Maria Natália Figueiredo
64 anos
01-01-2012
975,52
Apoio Auxiliar
Maria Rosa de Jesus Gonçalves
58 anos
01-01-2012
975,52
Motorista
António Francisco Guerra
52 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
António Augusto Nunes Meireles
61 anos
01-01-2012
2.028,28
Motorista
António José Pereira
48 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Arnaldo de Oliveira Ferreira
49 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Jaime Manuel Valadas Matias
52 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Jorge Henrique S Teixeira Cunha
52 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Jorge Martins Morais
46 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
José Hermínio Frutuoso
53 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Nuno Miguel R Martins Cardoso
37 anos
01-01-2012
1.848,53
Motorista
Paulo Jorge Pinheiro da Cruz Barra
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

APRE ASSOCIAÇÃOPORTUGUESA DSE REFORMADOS

Cara(o)s associada(o)s
O nosso associado, o Capitão de Abril e escritor, Carlos Matos Gomes, já nos habituou a uma escrita, seja em livros ou em artigos, de inegável valor.
A sua capacidade de crítica, contundente, satírica e eficaz, não é surpresa para nós.
Pois bem, aqui temos um bom exemplo de tudo isso, que ele publicou hoje na sua página do Facebook.
Leiam, que vale a pena.
Felicitações ao Carlos, com um grande abraço amigo, que estendo a todas e a todos.
Vasco Lourenço
O expressionista!
A ideia de fazer do Relvas uma vítima do fascismo e da falta de liberdade de expressão revela que o infinito existe. Neste caso 2 infinitos: o infinito impudor de uns, que sabem o que dizem (os manipuladores) e a infinita ingenuidade de umas almas que acreditam que a vida é como os antigos filmes de cobóis: no final faz-se justiça e os maus são castigados.
Primeira questão, a falta, ou impedimento, de liberdade de expressão ao Relvas. Ora o que o Relvas mais tem tido é liberdade de expressão! Liberdade para aldrabar currículos universitários, moradas, liberdade para dizer uma coisa e fazer outra, liberdade para dizer hoje uma coisa e amanhã outra. Liberdade para aceder a todos os púlpitos. A relação entre o Relvas e a liberdade de expressão é de excesso. O Relvas é um expressionista! O que está a acontecer ao Relvas resulta do excesso de liberdade de expressão. Ele enojou o comum dos cidadãos com o excesso da sua liberdade de se expressar por títulos académicos, por negociatas, por exibição de ostentação em eventos sociais e por mil casos que já fazem dele a maior fonte de anedotas nacional. O que está acontecer ao Relvas com a liberdade de expressão é o mesmo que aconteceu ao sapo da fábula que começou a fumar e rebentou.
Segunda questão: os compungidos. Os compungidos são de dois tipos: os políticos que querem prevenir-se de igual sorte e ter argumentos para tal. Isto é, os que se antecipam ao verem as barbas do Relvas a arder e os do tipo dos sacristães, que estão sempre do lado da ordem, os religiosos, adeptos da resignação porque ela redime e até paga em esmolas (e quantos as esperam e quantos vivem delas!)
Quanto ao que está a acontecer. O que está a acontecer não tem a ver com a liberdade de expressão. Tem a ver com a falta de respeito. Falta de respeito do Relvas pela sociedade onde se apresentou ao serviço como politico e se transformou à vista de todos (foi essa a imagem que deu de si) num videirinho. Falta de respeito da sociedade pelo Relvas que, sendo ministro, membro de um órgão de soberania, merecia um mínimo de respeito institucional. E é esta falta de respeito na sociedade que devíamos estar a discutir e que nos devia preocupar. Devia preocupar também, digo eu, aquele senhor que vive em Belém (acamado, presumo).


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SEGREDOS DA IGREJA

A história secreta da renúncia de Bento XVI - Eduardo Febbro
Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Paris - Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa Bento XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de sua viagem ao México e a Cuba.
Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor da École Pratique des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier, chama “uma continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II, descobriu em um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças obscuras, guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos secretos, luta entre facções, lavagem de dinheiro.
O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas.
Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres, sob o mandato de Bento XVI o Vaticano foi um dos Estados mais obscuros do planeta. Joseph Ratzinger teve o mérito de expor o imenso buraco negro dos padres pedófilos, mas não o de modernizar a igreja ou as práticas vaticanas.
Bento XVI foi, como assinala Philippe Portier, um continuador da obra de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o reino de seu predecessor acompanhando vários textos importantes que redigiu:
· a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986;
· o Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja sobre os temas da vida;
· o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro mãos com Wojtyla”.
Esses dois textos citados pelo especialista francês são um compêndio prático da visão reacionária da igreja sobre as questões políticas, sociais e científicas do mundo moderno.
O Monsenhor Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde 2003, tem em sua página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo de um dragão que simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da verdade”. Mas a verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente.
Depois do escândalo provocado pelo vazamento da correspondência secreta do papa e das obscuras finanças do Vaticano, a cúria romana agiu como faria qualquer Estado. Buscou mudar sua imagem com métodos modernos.
Para isso contratou o jornalista estadunidense Greg Burke, membro da Opus Dei e ex-integrante da agência Reuters, da revista Time e da cadeia Fox. Burke tinha por missão melhorar a deteriorada imagem da igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse Burke ao assumir o posto. Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da igreja católica.
A divulgação dos documentos secretos do Vaticano orquestrada pelo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos invisíveis, foi uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem sendo misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar em seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e a avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de limpeza confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos não é fácil de redesenhar.
Bento XVI acabou enrolado pelas contradições que ele mesmo suscitou. Estas são tais que, uma vez tornada pública sua renúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo Monsenhor Lefebvre, saudaram a figura do Papa.
Não é para menos: uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e, por conseguinte, legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo.

Bento XVI não foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se empenham em pintar, mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a respeito que o papa “se deixou engolir pela opacidade que se instalou sob seu reinado”. E a primeira delas não é doutrinária, mas sim financeira.
O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que surgiram no último ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas e o dinheiro dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João Paulo II, que, para muitos especialistas, explica a crise atual.
Em setembro de 2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti Tedeschi para o posto de presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano.
Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália desde 1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano.
As contas da Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de dinheiro cujas origens mais conhecidas remontam ao final dos anos 80, quando a justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o arcebispo norteamericano Paul Marcinkus, o chamado “banqueiro de Deus”, presidente do IOR e máximo responsável pelos investimentos do Vaticano na época.
João Paulo II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano para evitar a prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois devia muito a ele. Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não contabilizado” do IOR para as contas do sindicato polonês Solidariedade, algo que Karol Wojtyla não esqueceu jamais.
Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em Phoenix, em meio a um gigantesco buraco negro de perdas e investimentos mafiosos, além de vários cadáveres.
No dia 18 de junho de 1982 apareceu um cadáver enforcado na ponte de Blackfriars, em Londres. O corpo era de Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs uma imensa trama de corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a loja maçônica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli e o próprio IOR de Marcinkus.
Ettore Gotti Tedeschi recebeu uma missão quase impossível e só permaneceu três anos a frente do IOR. Ele foi demitido de forma fulminante em 2012 por supostas “irregularidades” em sua gestão.
Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do mordomo do Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo investigado por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro.
Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou a elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo: contas secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos, intermediários, construtores e altos funcionários do Estado”. Até Matteo Messina Dernaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu dinheiro depositado no IOR por meio de laranjas.
Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem o Vaticano diz que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado, Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.

Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção.
A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos: corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos de poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo pontual e decadente da própria decadência do sistema.
Tradução: Katarina Peixoto

 
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