UMA VERGONHA!!!
Pela primeira vez, depois do 25 de Abril, Portugal tem um Presidente da República a quem o fascismo não incomodou, a quem a guerra colonial não levantou problemas de consciência, a quem Camões nunca seduziu e que Saramago sempre perturbou com excesso de vírgulas.
O actual Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) foi o único número 1 do seu curso que recusou comprometer-se no derrube da ditadura, em 25 de Abril. Escreveram essa página gloriosa todos os outros, o de Infantaria, o de Cavalaria, o de Artilharia e todos os que sentiram a inutilidade da guerra e a vergonha dos crimes que se praticavam na guerra colonial, menos o capitão engenheiro Luís Valença Pinto, pouco interessado em que a ditadura permanecesse. É hoje o CEMGFA.
É neste quadro de regresso aos valores salazaristas que se promoveu a oficial-general o coronel Jaime Neves, indefectível admirador de Kaulza de Arriaga e, ontem se entregou a única medalha que faltava a Alpoim Calvão, a quem a invasão de um país estrangeiro, e o eventual
assassinato dos seus dirigentes, não tolhia a determinação. A venera foi-lhe entregue pelo obscuro contra-almirante , Luís Picciochi, afirmando: «acertámos contas com a justiça», quando estava a acertar contas com a democracia.
Quem se lembra de Alpoim Calvão, antes do 25 de Abril, das sua proezas na Guiné e da promoção por mérito, julgaria o silêncio piedoso a forma de não remexer as feridas que ainda hoje nos dilaceram. Quem recorda, após a Revolução dos Cravos, o terrorismo do ELP e MDLP, os atentados e assassinatos, as ligações de Alpoim Calvão ao cónego Eduardo Melo e à Sé de Braga, teme o futuro da democracia e envergonha-se de todos aqueles que, em vez de exibirem as estrelas no firmamento da honra, seriam capazes de servir uma qualquer ditadura.
Perante a amnésia e falta de cultura democrática, os que ainda estamos vivos não podemos deixar de lhes gritar:
NÓS NÃO ESQUECEMOS, SEUS F.D.P.!!!!
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Paulo Telheiro
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