sexta-feira, 31 de agosto de 2012
O CANO DUMA PISTOLA PELO CÚ
14 de Agosto de 2012. "O cano de uma pistola pelo cu" e "As relações impossíveis: Economia real- Economia financeira", eram os dois títulos do texto que Juan José Millás publicava na secção de cultura do El Pais. Em poucos dias tornou-se viral: 19000 shares no Facebook, 15 mil tweets, um país indignado. Hoje, o Dinheiro Vivo publica em exclusivo - e pela primeira vez em português - o texto sobre o capitalismo que incendiou Espanha
O cano de uma pistola pelo cu
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.~
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
CARTA DUMA FUNCIONÁRIA PÚBLICA
Quero lá saber!!!
Eu quero lá saber
Da roubalheira e da alta corrupção
Que o Djaló esteja no Benfica ou no Casaquistão
Que não se consiga controlar a inflação
Eu quero lá saber
Que haja cada vez mais desempregados
Que dêem diplomas e haja cursos aldrabados
Que me considerem reformado ou um excedentário?
Que se financie cada vez mais a fundação do Mário
Que se ilibe o Sócrates do processo
Que não haja na democracia um só sucesso
Eu quero lá saber
Que o sócrates já não finja que namora a Câncio
Que o BCE se livre do pavão armado do Constâncio
Que roubem multibancos com retroescavadora
Que o Nascimento esburaque os processos à tesoura
Que deixe até de haver o feriado do 1º de Maio
Que a tuberculose seja mesmo um tacho pró Sampaio
Que em Bruxelas mamem muitos deputados
Que o Guterres trate apenas dos refugiados
Que a nós nos deixou bem entalados
Eu quero lá saber
Que ele vá a cento e sessenta e não preguem uma multa
Que amanhã ilibem os aldrabões da face oculta
Que o Godinho pese a sucata e abata a tara
Que pra compensar mande uns robalos ao Vara
Que o buraco da Madeira sobre também para mim
Que a Merkl se esteja borrifando pró Jardim
Eu quero lá saber
Que a corja dos deputados só se levante ao meio-dia
Que a "justiça" indemenize os pedófilos da Casa Pia
Que não haja aumentos de salários nem digna concertação social
Que os ministros e gestores ganhem muito e façam mal
Que Guimarães este ano se mantenha a capital
Que alguem compre gasolina na cidade de Elvas
Que só abasteça o condutor do Dr. Relvas
Que na Assembleia continuem 230 cretinos
Que nas autarquias haja muitos Isaltinos
Que o Álvaro por tu ai esse sim hei-de eu vir a tratar
Que se lixe o falar doce do grande actor Gaspar
Que morram os pobres e os velhos portugueses
Que eles querem é que fiquem só os alemães e os franceses
Eu quero lá saber
Que o Zé seja montado quer por baixo quer por cima
Que a justiça safe bem depressa o influente Duarte Lima
Que o bancário Costa não volte a dormir na prisão
Que o Cavaco chegue ao fim do mês sem um tostão
Que na Procuradoria continue o Pinto Monteiro
Que prós aldrabões tem sido um gajo porreiro
Que os offsores andem a lavar dinheiro
Que o BPN tenha sido gamado pelo Loureiro
Que no BPP prescrevam os processos do Rendeiro
Que à CEE presida um ex-maoista sacana e manhoso
Que agora é o snob democrata Zé Manel Barroso
Tudo isto já nada pra mim tem de anormal
Mas o que eu quero mesmo saber
é onde está o meu país chamado PORTUGAL
que isto aqui é vilanagem pura, roubalheira, corrupção
Meu Deus manda de novo o Marquês de Pombal
antes que este povo inerte permita a destruição !!!
Maria
Funcionária Pública
Eu quero lá saber
Da roubalheira e da alta corrupção
Que o Djaló esteja no Benfica ou no Casaquistão
Que não se consiga controlar a inflação
Eu quero lá saber
Que haja cada vez mais desempregados
Que dêem diplomas e haja cursos aldrabados
Que me considerem reformado ou um excedentário?
Que se financie cada vez mais a fundação do Mário
Que se ilibe o Sócrates do processo
Que não haja na democracia um só sucesso
Eu quero lá saber
Que o sócrates já não finja que namora a Câncio
Que o BCE se livre do pavão armado do Constâncio
Que roubem multibancos com retroescavadora
Que o Nascimento esburaque os processos à tesoura
Que deixe até de haver o feriado do 1º de Maio
Que a tuberculose seja mesmo um tacho pró Sampaio
Que em Bruxelas mamem muitos deputados
Que o Guterres trate apenas dos refugiados
Que a nós nos deixou bem entalados
Eu quero lá saber
Que ele vá a cento e sessenta e não preguem uma multa
Que amanhã ilibem os aldrabões da face oculta
Que o Godinho pese a sucata e abata a tara
Que pra compensar mande uns robalos ao Vara
Que o buraco da Madeira sobre também para mim
Que a Merkl se esteja borrifando pró Jardim
Eu quero lá saber
Que a corja dos deputados só se levante ao meio-dia
Que a "justiça" indemenize os pedófilos da Casa Pia
Que não haja aumentos de salários nem digna concertação social
Que os ministros e gestores ganhem muito e façam mal
Que Guimarães este ano se mantenha a capital
Que alguem compre gasolina na cidade de Elvas
Que só abasteça o condutor do Dr. Relvas
Que na Assembleia continuem 230 cretinos
Que nas autarquias haja muitos Isaltinos
Que o Álvaro por tu ai esse sim hei-de eu vir a tratar
Que se lixe o falar doce do grande actor Gaspar
Que morram os pobres e os velhos portugueses
Que eles querem é que fiquem só os alemães e os franceses
Eu quero lá saber
Que o Zé seja montado quer por baixo quer por cima
Que a justiça safe bem depressa o influente Duarte Lima
Que o bancário Costa não volte a dormir na prisão
Que o Cavaco chegue ao fim do mês sem um tostão
Que na Procuradoria continue o Pinto Monteiro
Que prós aldrabões tem sido um gajo porreiro
Que os offsores andem a lavar dinheiro
Que o BPN tenha sido gamado pelo Loureiro
Que no BPP prescrevam os processos do Rendeiro
Que à CEE presida um ex-maoista sacana e manhoso
Que agora é o snob democrata Zé Manel Barroso
Tudo isto já nada pra mim tem de anormal
Mas o que eu quero mesmo saber
é onde está o meu país chamado PORTUGAL
que isto aqui é vilanagem pura, roubalheira, corrupção
Meu Deus manda de novo o Marquês de Pombal
antes que este povo inerte permita a destruição !!!
Maria
Funcionária Pública
terça-feira, 28 de agosto de 2012
MARCELO E RELVAS
Marcelo,
Eu sempre te admirei.
Eu sou aquela que quando te vê na Livraria Galileu fica embevecida,
orgulhosa de ser cascalense, que te admira a forma como cumprimentas
os transeuntes e folheias os livros usados com o mesmo cuidado que
fazes com os novinhos em folha.
Sou aquela que sintoniza a TVI todos os domingos só para te ouvir. Que
leva com a Judite de Sousa sem pestanejar só para te poder ouvir. Que
pede silêncio se a sala de estar estiver cheia de gente para não
perder pitada do que dizes.
Sou aquela que, na quarta-feira passada, ao avistar-te na FIARTIL, te
defendeu com unhas e dentes junto a uma amiga que não te aprecia o
estilo.
Sou isso tudo, Marcelo.
E hoje tu atreves-te a defender o Relvas no teu comentário semanal?
Assim, com a maior cara de pau? À cara podre?
Dizes tu: que o Relvas é diferente do Sócrates. Que o Relvas tirou
direitinho 4 cadeiras enquanto que ninguém sabe em que circunstâncias
é que o Sócrates concluiu as suas cadeiras. Que há imensas
personalidades que não têm licenciatura e que depois, até a título de
honoris causa, lhes são atribuídos títulos académicos.
Mas, Marcelo, TU ESTÁS BOM DA CABEÇA, HOMEM?
Deixa-me explicar-te como se eu fosse o Professor e tu a grávida desmemoriada:
O Lula da Silva foi Presidente da República do Brasil. Não tem curso
nem nunca se apresentou como Dr. Não tem nenhum diploma pendurado no
gabinete nem nunca fez ninguém acreditar na sua competência académica.
As pessoas não lhe deixam de reconhecer mérito, especialmente, porque
o Lula nunca quis ser o que não era e sempre assumiu quem era, o que
era e o que poderia fazer com os recursos que tinha ao seu dispor. Que
não os académicos.
O Comendador Nabais não tem licenciatura e é um dos mais brilhantes
gestores do país. Nunca ninguém se dirige a ele através do título "Dr.
Nabais". O próprio Champalimaud- o velho- não tinha nenhuma
licenciatura e conta-se que, certo dia, um dos funcionários
responsáveis por mandar fazer os seus cartões de visita lhe perguntou
o que ele queria que colocasse por debaixo do seu nome. Champalimaud
respondeu, sem hesitar: "Dono". Não colocou Dr. ou Licenciado pela
Universidade da Vida.
Nenhum destes senhores quis ser quem não era. Nenhum aspirou a um
título académico e o conseguiu de forma menos transparente.
A grande questão, Marcelo, é que ao Relvas saiu-lhe uma licenciatura
na farinha Amparo. E, estou crente, que, a partir de agora, a
Universidade Lusófona é capaz de receber dezenas de pedidos de
equivalências a licenciatura por mérito curricular. Até eu estou a
pensar pedir avaliação do meu currículo profissional e sacar uma
licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, uma vez que a minha
experiência nesta área é muito mais vasta que a do Relvas em qualquer área.
O Relvas, Marcelo, foi da JSD e isso não é profissão. É saber engraxar
os grandes do partido, colar selos em cartas para se enviar para os
militantes, segurar bandeirinhas nos comícios e ir buscar militantes
não letrados aos bairros sociais limítrofes e pedir-lhe que, nos dias
e eleições do partido, metam a cruz nas suas listas. E é bater palmas
e fazer barulho quando o PSD ganha qualquer coisa. E não negues porque
I've been there. E isso não faz de mim uma iluminada com potencial
para sacar uma licenciatura em Anatomia Patológica Citológica e
Tanatológica por equivalência.
Se avançarmos no percurso profissional do Ministro pós experiência na
JSD o que vemos é um conjunto de tachos, cuja legitimidade dos
processos de recrutamento e selecção fariam rir qualquer auditor da
norma ISO 9001: 2008 e, mais ainda, na NP 4427:2004. Mas claro, cargos
políticos estão dispensados de normas de qualidade, já me esquecia.
O Relvas até podia não ter licenciatura que, quanto a mim tanto, me
fazia. O que o Relvas não podia era armar-se em chico esperto e
decidir ser Dr. (ou, se se lembrar da equivalência com o Pós-Bolonha,
já pode ser mestre, às páginas tantas) sem ir à Universidade.
Da mesma forma que eu nunca pude ser ninguém na secção do PSD, da qual
fui militante, sem lamber as botas aos grandes, sem ir bater palmas em
todas as reuniões de freguesia, sem ir dobrar circulares a pedir votos
numa determinada lista e enviar centenas de cartas dentro de
envelopes, sem servir de motorista e apanhar residentes analfabetos em
bairros sociais instruindo-lhes onde meter a cruz nas concelhias, sem
prometer aos novos militantes, angariados a todo o custo, bilhetes
para os filhos irem ao Optimus Alive em troca de mais votos, e afins.
No fundo, cada um é para o que nasce.
Eu assumo que nunca conseguiria ter carreira como política. Ele que
assuma que não é, legitimamente, licenciado.
E tu, Marcelo, não me lixes!
Que enervar uma prenha é coisa para te dar uma diarreia. Ou, se
pedires equivalência, uma catedrática gastroenterite. Coisa mais fina,
enfim. Mais lusófona.
-
2% utilizados
Usando 0,2 GB dos seus 10 GB
RICO CARTEIRISTA
SEGUNDO INFORMAÇÃO DO JORNAL "I" , UM CARTEIRISTA TERÁ ROUBADO A CARTEIRA A UM ELEMENTO DA "TROIKA".
Abençoado seja ele ...conseguiu a devolução duma centésima milésima parte ou ainda menos do que esses tipos roubam a Portugal com a conivência dos que os trouxeram e mantêm,
Se eu pudesse..dava-lhes já a maior condecotração existente no país.
Abençoado seja ele ...conseguiu a devolução duma centésima milésima parte ou ainda menos do que esses tipos roubam a Portugal com a conivência dos que os trouxeram e mantêm,
Se eu pudesse..dava-lhes já a maior condecotração existente no país.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
TÁTICAS DO NOSSO GOVERNO
A estratégia é conhecida por "balão de ensaio" e tem vários níveis de sofisticação. É delineada nas altas esferas e é geralmente aplicada através de "fugas" de informação dirigidas a certos jornais "próximos" por intermédio de jornalistas "de confiança".
Esta estratégia, tudo o indica, foi agora utilizada pelo Governo, a propósito da RTP, com algum grau de sofisticação. Mas há sempre alguma coisa que escapa ao controle e ajuda a perceber mais do que aquilo que se diz.
Neste caso, importa analisar todos os pormenores do que veio a público e do que é possível perceber do que não veio, porque eles fornecem sinais sobre o que verdadeiramente se prepara para a RTP. Vejamos:
- A notícia sobre a "hipótese em cima da mesa", de concessão do serviço público a um privado e encerramento da RTP2, foi dada em primeira mão ao jornal Sol que a anunciou na sua edição electrónica ao fim do dia de ontem, antes de ser divulgada pela TVI no Jornal das 8 e hoje pela edição papel do jornal.
- O Sol é detido em 96,96% pela Newshold, grupo angolano cuja estrutura accionista é constituída por Pineview Overseas, S.A. (Sociedade Anónima sedeada na República do Panamá) e em 5% pela TWK - SGPS, Lda. (Sociedade por Quotas).
- A Newshold, dona do SOL, segundo notícias vindas a público está a preparar a sua candidatura à privatização de uma frequência da RTP, tendo para isso criado uma nova empresa e começado a contratar colaboradores para a elaboração do projecto.
- A notícia do SOL é assinada exclusivamente pelo vogal do conselho de administração do jornal, José António Lima, e não por jornalistas que geralmente cobrem os temas televisão e media, o que sugere ter o assunto sido tratado apenas ao mais alto nível no seio do jornal por alguém em posição de deter e poder controlar a divulgação da informação conveniente.
- Do lado do Governo, o escolhido para a execução da estratégia não foi, desta vez, um assessor ou um dos comentadores televisivos a quem o Governo costuma dar "cachas"- Marcelo ou Marques Mendes. O governo subiu a parada e entregou o serviço ao seu conselheiro e ministro-sombra com o pelouro das privatizações, António Borges, que nada tem a perder e tudo tem a ganhar em fazer o papel do "balão" que não se importa de ser desmentido se o "ensaio" não der o resultado esperado.
- E é aqui que entra a TVI. Seria coincidência a mais que a TVI se lembrasse de entrevistar António Borges no dia em que a notícia do dia era o buraco orçamental. Mas era preciso que António Borges - o escolhido pelo Governo para dar a cara - fosse a uma televisão fazer o spin, prevenindo a eventualidade de a notícia do Sol não corresponder ao que o Governo queria que fosse dito. A RTP estava fora de questão, a SIC ainda mais pelos motivos conhecidos: Balsemão é frontalmente contra a estratégia do Governo para a RTP. Então, quem melhor do que Judite de Sousa para conseguir entrevistar em cima da hora uma figura de proa ligada ao Governo como António Borges?
E assim o "balão de ensaio" fez o seu caminho...
Veremos se o serviço público de televisão acaba concessionado a uma entidade de seu nome Pineview Overseas, S.A., com sede na cidade do Panamá, República do Panamá... de cujos "testas de ferro" não foi até hoje possível conhecer os nomes.
estrelaserrano@gmail.com | Agosto 24, 2012 at 16:37 | Tags: Serviço público, spin doctoring | Categorias: Comunicação e Política, Governo, Jornalismo, Política, Televisão | URL: http://wp.me/plc5Q-20R
domingo, 26 de agosto de 2012
Praia D.Ana
http://youtu.be/aKRq1rNSEhgria
Infelizmente cada vez mais portugueses não conseguem ter férias pois o dinheiro já não lhes chega para as necessidades básicas ( e odireito a férias tambem deveria ser um desses direitos)
É pena que os governantes que temos tenham querido fazer das nossas belezas naturais algoque só os estrangeiros e uma minoria de portugueses podem apreciar.
Dequalquer modo deixo aqui imagens duma bela prai algarvia, D.Ana, em Lagos
Infelizmente cada vez mais portugueses não conseguem ter férias pois o dinheiro já não lhes chega para as necessidades básicas ( e odireito a férias tambem deveria ser um desses direitos)
É pena que os governantes que temos tenham querido fazer das nossas belezas naturais algoque só os estrangeiros e uma minoria de portugueses podem apreciar.
Dequalquer modo deixo aqui imagens duma bela prai algarvia, D.Ana, em Lagos
CARTA ABERTA
Aconselho vivamente a leitura desta carta, que está a fazer furor na internet...
Devem ler tudo, mas não percam, particularmente, os parágrafos destacados no final:
Exmo Senhor Primeiro Ministro
Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim.
Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome “de guerra”. Basilio é o apelido pelo
qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo
amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.
Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos.
Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo
porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer,
de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o
tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de
deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e
desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar
e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz
por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não
estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do
país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o
fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava
porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao
regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o
nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.
Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina
exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano:
17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do
que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso.
Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi
intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura
dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios,
desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de
muito do que tinha aprendido.
Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida.
Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais.
Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a
minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de
trabalho. “És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui
dentro.” – disseram-me – “Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado
alto na redacção”. Fiquei.
Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o
desemprego. “Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo,
arranjarei trabalho num instante”. Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade.
Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não
fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu
dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira
‘congelada’. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista,
tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três
línguas, duas das quais como “nativa”. Tinha como ordenado ‘fixo’ 485 euros x 7
meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi
preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O
meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas…
Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio.
Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a
besta. Conheci o desespero. Conheci – felizmente! – também outras pessoas que
partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era
minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.
Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho
a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da
Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de
uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas
filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para
conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a
assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa.
Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim,
tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem,
senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais
uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos
verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras
tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos
em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua
vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de
três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito
pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.
Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de
coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil
euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do
meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana.
Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que
fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu
trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me
custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiroministro,
por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em
aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes
públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma
inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor
primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar…
Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe
o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor.
Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor
do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não
falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a
utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o
senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus
governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que
penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que
nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu
país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já
agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me
pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus
interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale
enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que
não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha
comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais
valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores
condições para crescer pois ele é um dos seus melhores – e cada vez mais raros –
valores: um ser humano em formação.
Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa.
Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito
mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e
não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente
menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu
bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das
minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu
excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você,
senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala
lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiroministro,
para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros
dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.
Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal
OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro
… e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus
Myriam Zaluar, 19/12/2011
domingo, 12 de agosto de 2012
AOS LADRÕES..SE ROUBAREM UM PROFESSOR ...,VEJAM
A professora C. L. B, 50 anos, docente da Rede Pública do Ceará, teve sua bolsa roubada dentro de um coletivo. Na bolsa havia R$ 1.100,00 (salário mensal de dois turnos da professora), talões de água, luz, telefone celular, prestação de uma casa popular e contas de um perfume da Avon e de uma bijuteria.
Ao ser preso, o ladrão de iniciais C. A. A, 23 anos, não estava mais com nenhum centavo. No entanto, para grande surpresa de todos, verificou-se que o "mão ligeira" havia pago os talões de água, luz e a prestação da casa da professora.
Indagado por nossa Equipe sobre os porquês de tão estranha atitude, o ladrão alegou somente que: "Minha consciência pesaria ao lembrar que uma simples professora, tão injustiçada pelos governos, corria o risco de ter água e luz cortadas, além de ameaças de despejo por falta de pagamento da casa". Sou ladrão, mas sou honesto", justificou.
Questionamos então por que ele não pagou também as prestações do celular, do perfume e da bijuteria, uma vez que sobrou dinheiro. "Tudo isso aí é supérfluo, a professora pode devolver se não conseguir pagar, não sou a favor de consumismo", concluiu.
Segundo um advogado da Defensoria Pública, que fará a defesa do "justo delinquente", sua pena será bastante reduzida em virtude dos procedimentos humanos incomuns encontrados no caso.
A professora, em um ligeiro depoimento a nossa Equipe, disse apenas que: "Estou muito emocionada, nunca esperei ser assaltada por um ladrão tão bom como esse".
__._,_.___
sábado, 11 de agosto de 2012
OS ESPANHÓIS REAGEM E OS PORTUGUESES?
Neste ano, uma coisa que tenho notado aqui pela Espanha é o
aumento de protestos mais incisivos contra a crise. Se até 2010 o país
ainda vivia um relativo estado de paz social e a partir daquele ano
voltou a sair em massas às ruas ainda de forma pacífica, hoje já não é
raro ver ações com algum tipo de confronto ou episódios violentos. E até
mesmo lideradas por próprios membros de governos locais, que aos poucos
vão se rebelando contra a dura política de ajuste do governo central.
Foi o que aconteceu nesta semana. Um prefeito que acumula cargo de
deputado encabeçou um saque a um supermercado na Andaluzia, região no
sul da Espanha com o maior número de desempregados no país. Um grupo
formado por cerca de 30 trabalhadores rurais e sindicalistas entrou em
um Mercadona, uma das principais redes espanholas de distribuição
alimentar, pegou carrinhos e os encheu de alimentos não perecíveis.
O detalhe: todos saíram sem pagar. Em uma ação filmada e exibida em
todas os noticiários daqui hoje, eles levaram os produtos saqueados para
ONGs (Organizações Não Governamentais) que distribuem alimentos para
famílias de zonas em que o desemprego alcança até os 40% da população
economicamente ativa –só para lembrar, em toda a Espanha este índice é
de 24%, ainda mais que o dobro que a média da União Europeia.
Do lado de fora, o prefeito de Marinaleda e também deputado da*
*Andaluzia José Manuel Gordillo coordenava e incentivava a ação com um
megafone. No fim dela, disse que foi um “saque simbólico”
para ”expropriar uma minúscula parte do que lucram diariamente as
grandes redes de supermercado” e distribuí-la a pessoas que foram
enganadas por bancos, desalojadas de casa, demitidas de seus trabalhos
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quinta-feira, 9 de agosto de 2012
MIGUEL ESTEVES CARDOSOE A FESTA DO"AVANTE"
Miguel Esteves Cardoso e a FESTA DO AVANTE
"Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.
Já é a segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.
O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.
Porque é que a Festa do Avante faz medo?
É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?
É sempre desconfortável estar rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito francamente, é aterrador.
Até por uma questão de respeito, o Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo. Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao pequeno-almoço.
Bem sei que a condescendência é uma arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e tocantemente inamovíveis, coitadinhos.
É esta a maneira mais fácil de fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez que, se os ignoramos, acabarão por se ir embora.
As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.
É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.
A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.
Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.
Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "se não fossem os comunistas, hoje não haveria"... e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas" que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.
É por isso que não se sentem “derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo. Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o 'show off' é mínimo e saudável.
Toda a gente se trata da mesma maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à vontade em público. Na Festa do Avante é automático.
Dava-nos jeito que se vestissem todos da mesma maneira, dissessem e fizessem as mesmas coisas - paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.
Não há psicologias de multidões para ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.
Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a dormir na relva.
Quando se chega à Festa o que mais impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre trânsito, é como voltar aos anos 60.
Só essa ausência de suspeita vale o preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.
Mesmo assim tenho de confessar, como reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber copos uns com os outros e a divertirem-se.
A Festa do Avante é sempre maior do que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.
Assim se chega a outro preconceito conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária, sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais portuguesa e saudavelmente nacionalista.
O desaparecimento da União Soviética foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.
Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.
Quer se queira quer não (eu não queria), sente-se na Festa do Avante que está ali uma reserva ecológica de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal outra vez.
A teimosia comunista é culturalmente valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada. (Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).
A Exposição do Mundo Português era “para inglês ver”, mas a Festa do Avante em muitos aspectos importantes, parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas, direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a impecável.
As brigadas de limpeza por sua vez, estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual e de tanta competência administrativa. Raios os partam.
Se a Festa do Avante dá uma pequena ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê. Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.
O preconceito anticomunista dá-os como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.
Quando se fala na capacidade de “mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores, diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram submetidos a uma lavagem ao cérebro.
Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.
Enquanto os outros partidos puxam dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas familiares e transeuntes, a Festa do Avante enche-se de entusiásticos pagadores de bilhetes.
E porquê? Porque é a festa de todos eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.
É um alívio a falta de entusiasmo fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.
É claro que nada disto será novidade para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma sacudidela aos preconceitos anticomunistas é um exercício de higiene mental.
Por muito que custe dize-lo, o preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como nós”. É muito conveniente esta separação. Mas é tão ténue que basta uma pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como nós”.
Uma vez passada a tristeza pelo desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada um.
Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.
Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido.
Por outro lado, quando se vê que os comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA -, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz: ”Que chatice – não só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saio daqui.”
Nem tão pouco há a consolação ilusória do 'pick and choose'.
... É uma sólida tradição dizer que temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados. A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a-dia; é o trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.
Há uma frase do Jerónimo de Sousa no comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é vencer”.
É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.
Na Festa do Avante não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.
Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.
Na Festa do Avante sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do 'ensimesmamento' online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.
Resistir é já vencer. A Festa do Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência. ... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as mesmíssimas pessoas.
Parabéns!"
"Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.
Já é a segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.
O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.
Porque é que a Festa do Avante faz medo?
É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?
É sempre desconfortável estar rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito francamente, é aterrador.
Até por uma questão de respeito, o Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo. Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao pequeno-almoço.
Bem sei que a condescendência é uma arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e tocantemente inamovíveis, coitadinhos.
É esta a maneira mais fácil de fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez que, se os ignoramos, acabarão por se ir embora.
As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.
É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.
A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.
Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.
Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "se não fossem os comunistas, hoje não haveria"... e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas" que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.
É por isso que não se sentem “derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo. Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o 'show off' é mínimo e saudável.
Toda a gente se trata da mesma maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à vontade em público. Na Festa do Avante é automático.
Dava-nos jeito que se vestissem todos da mesma maneira, dissessem e fizessem as mesmas coisas - paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.
Não há psicologias de multidões para ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.
Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a dormir na relva.
Quando se chega à Festa o que mais impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre trânsito, é como voltar aos anos 60.
Só essa ausência de suspeita vale o preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.
Mesmo assim tenho de confessar, como reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber copos uns com os outros e a divertirem-se.
A Festa do Avante é sempre maior do que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.
Assim se chega a outro preconceito conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária, sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais portuguesa e saudavelmente nacionalista.
O desaparecimento da União Soviética foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.
Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.
Quer se queira quer não (eu não queria), sente-se na Festa do Avante que está ali uma reserva ecológica de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal outra vez.
A teimosia comunista é culturalmente valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada. (Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).
A Exposição do Mundo Português era “para inglês ver”, mas a Festa do Avante em muitos aspectos importantes, parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas, direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a impecável.
As brigadas de limpeza por sua vez, estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual e de tanta competência administrativa. Raios os partam.
Se a Festa do Avante dá uma pequena ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê. Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.
O preconceito anticomunista dá-os como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.
Quando se fala na capacidade de “mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores, diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram submetidos a uma lavagem ao cérebro.
Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.
Enquanto os outros partidos puxam dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas familiares e transeuntes, a Festa do Avante enche-se de entusiásticos pagadores de bilhetes.
E porquê? Porque é a festa de todos eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.
É um alívio a falta de entusiasmo fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.
É claro que nada disto será novidade para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma sacudidela aos preconceitos anticomunistas é um exercício de higiene mental.
Por muito que custe dize-lo, o preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como nós”. É muito conveniente esta separação. Mas é tão ténue que basta uma pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como nós”.
Uma vez passada a tristeza pelo desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada um.
Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.
Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido.
Por outro lado, quando se vê que os comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA -, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz: ”Que chatice – não só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saio daqui.”
Nem tão pouco há a consolação ilusória do 'pick and choose'.
... É uma sólida tradição dizer que temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados. A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a-dia; é o trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.
Há uma frase do Jerónimo de Sousa no comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é vencer”.
É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.
Na Festa do Avante não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.
Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.
Na Festa do Avante sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do 'ensimesmamento' online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.
Resistir é já vencer. A Festa do Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência. ... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as mesmíssimas pessoas.
Parabéns!"
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
TRUKA...TROIKA
Vejam só esta sequência de acontecimentos:
1) A TROIKA sugere no "memorandum" a VENDA do Negócio da SAÚDE da CGD;
2) O Governo nomeia António Borges para CONSULTOR para as VENDAS dos negócios Públicos;
3) A Jerónimo Martins (Grupo Soares dos Santos) CONTRATA o mesmo António Borges para Administrador (mas este foi mantendo as suas funções de VENDEDOR dos negócios públicos);
4) O Grupo Soares dos Santos (Jerónimo Martins) anunciou, NO INÍCIO DESTA SEMANA, a criação de uma nova área de negócios: a SAÚDE;
5) A TROIKA exige a VENDA URGENTE do negócio da SAÚDE da CGD já este mês (notícia de 19/07).
Agora já só falta que seja o Grupo Soares dos Santos a comprar este negócio. A ver vamos.
…e NINGUÉM repara? Ninguém diz nada??
São tudo só coincidências !!!
Clique aqui
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
MIGUEL RELVAS NA WIKIPÉDIA
Miguel Relvas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Miguel Relvas | |
---|---|
Miguel Relvas | |
Ministro de Portugal | |
Mandato | XIX Governo Constitucional de Portugal |
Antecessor(a) | Jorge Lacão |
Vida | |
Nascimento | 5 de Setembro de 1961 (50 anos) Lisboa, Portugal |
Partido | Partido Social Democrata |
Índice[esconder] |
[editar] Família
É o mais velho de três filhos de João Augusto Garção de Miranda Relvas e de sua mulher Branca da Encarnação Martins Cassola (Portalegre, 17 de Fevereiro de 1936), sendo irmão de José António Cassola de Miranda Relvas (Angola, 15 de Fevereiro de 1963) e de João Manuel Cassola de Miranda Relvas (Angola, 20 de Outubro de 1966).[editar] Biografia
Viveu em Angola até 1974. De novo em Portugal, frequentou o Colégio Nun'Álvares, em Tomar[1].[editar] Educação
Inscreveu-se pela primeira vez no ensino superior em 1984, no curso de Direito da Universidade Livre, uma instituição privada. Em 1985 concluiu, após frequência escrita e prova oral, a disciplina de Ciência Política e Direito Constitucional, com a classificação de 10 valores. Em Setembro desse ano pediu transferência para o curso de História, ainda na Universidade Livre. Matriculou-se em sete disciplinas, mas não fez nenhuma.Em 1995/96 pediu reingresso na Universidade Lusíada para o curso de Relações Internacionais. Não frequentou nenhuma cadeira. [2]. A Universidade Lusíada anulou a matricula de Miguel Relvas em 1996 por estar a dever 160.272 escudos (cerca de 800 euros) de propinas[3].
Em Setembro de 2006 requereu a sua admissão à Universidade Lusófona. A Universidade Lusófona analisou o “currículo profissional”, bem como a frequência dos “cursos de Direito e História” anos antes. Em Outubro de 2007 Miguel Relvas concluiu a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, curso com um plano de estudos de 36 cadeiras semestrais distribuídas por três anos, com a classificação final de 11 valores. Esta licenciatura foi concluída em apenas um ano. [4][5].
Relvas, obteve 32 equivalências e teve apenas de fazer exames a quatro disciplinas para poder concluir num ano a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Lusófona de Lisboa.
Os cargos públicos que Miguel Relvas ocupou desde os seus 26 anos valeram-lhe a equivalência a 14 disciplinas. A sua avaliação das “competências adquiridas ao longo da vida” teve em conta os nove cargos que ocupou como membro da delegação portuguesa da NATO, entre 1999 a 2002 e como secretário da direcção do grupo parlamentar do PSD entre 1987 e 2001.
Os cargos políticos desempenhados permitiram obter equivalências a três disciplinas do 2.º ano e ainda a mais uma do 3.º ano. Por fim, a avaliação do “exercício de funções privadas, empresariais e de intervenção social e cultural” permitiram adquirir equivalências a mais 15 disciplinas.
Relvas realizou apenas quatro exames para que pudesse concluir o 1.º ciclo de estudos (licenciatura). O aluno fez as provas nas cadeiras de Quadros Institucionais da Vida Económico-Político-Administrativo, do 3.º ano (12 valores), Introdução ao Pensamento Contemporâneo, do 1º ano (18 valores), Teoria do Estado, da Democracia e da Revolução, do 2.º ano (14 valores) e ainda Geoestratégia, Geopolítica e Relações Internacionais II, do 3.º ano (15 valores)[6]. O reitor da Universidade Lusófona, na altura em que Relvas estava inscrito, Santos Neves, deu-lhe a melhor nota do seu currículo académico - 18 valores na cadeira Introdução ao Pensamento Contemporâneo. Esta disciplina estava, no entanto, a cargo de Fernando Pereira Marques. Também dez alunos da “suposta” turma de Miguel Relvas (1P1) afirmaram que nunca o viram nem nos testes nem nas aulas da cadeira. Confirmam de igual modo que Santos Neves nunca foi professor da turma[7].
No registo biográfico entregue no Parlamento quando foi eleito pela primeira vez deputado (na IV Legislatura, iniciada a 4 de Novembro de 1985), Miguel Relvas escreveu na alínea das habilitações literárias: “Estudante universitário, 2.º ano de Direito” – informação semelhante à do registo entregue na legislatura seguinte. Tendo Relvas feito apenas uma cadeira do 1.º ano de Direito [8]. Em julho de 2012 afirmou que foi um lapso ter declarado à Assembleia da República, por duas vezes, que tinha frequentado o 2.º ano do curso de Direito[9].
[editar] Carreira política
Foi secretário-geral da Juventude Social Democrata, de 1987 a 1989, deputado à Assembleia da República, entre 1985 e 2009, presidente da Assembleia Municipal de Tomar, entre 1997 e 2012, presidente da Região de Turismo dos Templários, entre 2001 e 2002, secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, entre 2002 e 2004, e secretário-geral do PSD, de 2004 e 2005, e, novamente, a partir de 2010[10]. É o actual Ministro dos Assuntos Parlamentares no governo de coligação PSD-CDS liderado por Pedro Passos Coelho,[11].Actualmente já está reformado e recebeu, em 2011, 14 mil euros a título de pensão. Relvas optou por suspender a pensão quando foi convidado a integrar o Governo de Passos Coelho[12].
Quando integrou o Governo de Passos Coelho deixou de receber 2800 euros mensais, uma subvenção vitalícia por 12 anos de atividade política[13].
[editar] Funções maçónicas
Integra como membro a Maçonaria através da Loja Universalis do GOL.[14][editar] Polémicas
Segundo a imprensa terá por diversas vezes falsificado a sua morada legal lesando o Estado, com o intuito de obter incrementos no seu vencimento, e assegurando ao mesmo tempo a candidatura nas listas do partido através dessas localidades quando tinha habitação em Lisboa. Também esteve envolvido no célebre caso das Viagens-Fantasma, polémica surgida a 20 de Outubro de 1989, publicada pelo jornal Independente.[15] [16] [17][editar] Casamento e descendência
Casou em Santarém com Ana Paula Milhano Pintão (Portalegre, 23 de Setembro de 1965), de quem tem uma filha, Filipa Pintão de Miranda Relvas, nascida em Lisboa a 17 de Fevereiro de 1992. A relação terminou em outubro de 2011, altura em que Relvas saiu de casa[18].Referências
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
COMPAREMOS
ALLONS ... ENFANTS DE LA PATRIE!!!! BRAVO!!!
Isto é o que, no cargo de Presidente, o François Hollande fez (não palavras mas... actos) em 56 dias de governo.
Estes factos têm sido escondidos pela imprensa portuguesa por orientação do ministro da propaganda, Relvas, e com a cumplicidade do próprio Passos, onde não se vislumbra qualquer referência, para que os portugueses não façam comparações entre o que é feito (como prometido) pelos socialistas franceses com o que este regime passista não faz, apesar da exaustiva promessa eleitoral em que iria abater as "gorduras", entre outras mentiras.
Os dados que aqui constam são oficiais, e foram traduzidos do Le Monde:
- Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos respectivos foram para o Fundo da Previdência e destinam-se a serem distribuídos pelas regiões com maior número de centros urbanos e com os subúrbios mais ruinosos.
- Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estatais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha 650.000 €/ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro para si com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras " . Fora os Peugeot e os Citroen 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a partir de 15 de Agosto de 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas, "para aumentar a competitividade e produtividade da nação."
- Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que criou uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias que ganhem mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afectar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados, dos quais 6.900 a partir de 1 de Julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de Setembro, como professores na educação pública.
- Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional.
- Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se se estabelecer como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados (a partir da lista de desempregados), a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais.
- Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados.
- Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem proporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, e quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou largar.
- Reduziu em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganhavam mais de € 800.000 por ano. Com esse valor (cerca de 4 mil milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vá à escola primária, e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.
Resultado: Olhem que SURPRESA !!!
O spread com títulos alemães caiu, por magia.
A inflação não aumentou.
A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de Junho, pela primeira vez nos últimos três anos.
Portanto, as promessas eleitorais estão a ser cumpridas na íntegra, passo a passo. E é assim que tem de ser, mas só possível com gente de carácter e que honra a sua palavra dada ao povo antes do dia das eleições.
Nem vou comparar os 56 DIAS de François Hollande com o que têm feito em UM ANO os Passos Coelho e Paulo Portas, com a colaboração de Silva.
TVP
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