Afacturação dos principais grupos privados na área da saúde aumentou em cerca de 42,5% entre 2008 e 2009.
Só o grupo Mello fechou o ano de 2009 com uma facturação de 266 milhões de euros, um crescimento superior a 20% em relação ao ano de 2008, valor que engloba a parceria público-privada do hospital de Braga. O grupo Espírito Santo Saúde (ESS), outro peso pesado no sector da saúde privada, facturou 219 milhões de euros, um acréscimo de cerca de 19% em relação a 2008. Tais resultados são atribuídos ao aumento na procura de cuidados nos serviços privados.
Muitos resultados ainda estão por fechar, como é o caso dos Hospitais Privados de Portugal (HPP), onde as estimativas de facturação apontavam para os 150 milhões de euros, das quais 55 milhões de euros se devem à parceria público-privada do Hospital de Cascais. Para o presidente dos HPP, José Miguel Boquinhas, parte deste crescimento também está relacionado o aumento de cuidados a utentes de subsistemas. O presidente do HPP estima que o sector privado terá cerca de 3 milhões de potenciais clientes.
Completando o quadro dos quatro maiores grupos da saúde privada, o grupo Trofa, liderado por José Vila Nova, em declarações ao DN, afirmou que o ganho anual foi de 47,5%, passando a ter 59 milhões de euros de facturação em 2009, com a perspectiva de novo aumento para 2010.
Para o director da Escola Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides, a maior procura dos serviços privados ocorre porque muitas empresas dão seguros de saúde aos funcionários, e porque nos últimos anos muitos médicos qualificados saíram do sector público para o privado, o que considerou uma hemorragia não planeada que contribui para a diminuição da capacidade de resposta do SNS.
Sakellarides lembra ainda que é difícil fazer comparações entre o público e o privado porque um tem a porta aberta para todos e a toda a hora, e o outro não, disse ainda não acreditar que o movimento de doentes do público para o privado possa ajuda a aliviar a sobrecarga do SNS ,lembrando que mesmo que isso ocorra será um caminho em que os que podem pagar vão para o privado e os outros para o público, “não queremos dois patamares, um para quem tem posses e outro para quem não tem”.
Para o deputado João Semedo, do Bloco de Esquerda, estes números evidenciam as declarações da Dra. Isabel Vaz durante a inauguração do Hospital da Luz, quando afirmou que apenas o negócio das armas era melhor do que o negócio da saúde privada.
João Semedo afirmou ainda que este resultado só é possível porque os Governos do PS têm desinvestido no SNS, e permitido a “fuga para o privado”. O deputado chama a atenção para o facto de nunca como dantes terem se construído tantos hospitais privados e a iniciativa privada crescido tanto. Semedo classificou a política do PS como uma “dieta de emagrecimento”, que tem permitido a engorda do privado em função do público.
O deputado do Bloco de Esquerda considera que desta forma o Governo tem promovido a transferência de doentes do SNS para o privado e que grande parte destas receitas decorrem da ADSE e de outros sistemas públicos, ou seja, directamente financiado pelo serviço público. Semedo defende a premência na expansão e modernização dos serviços de saúde.
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