terça-feira, 6 de janeiro de 2009

SIMPLEX-PRÓS E CONTRAS

publicação do simplex 2 acarreta uma aceleração da discussão e debate em torno do que fazer, sempre sabendo que nenhuma opção será consensual. Hoje vou tentar passar em revista mais 2 ou 3 opções, tentando sempre ver as correspondentes (des)vantagens.

1. Aceitar o Simplex
Pró: Sendo a revisão do Estatuto da Carreira Docente e a eliminação dos mecanismos das quotas e da divisão da carreira o que mobiliza de forma praticamente consensual a classe docente, aceitar esta versão simplificada - na qual já pouco resta em termos obrigatórios do modelo inicialmente regulamentado no 2/2008 - poderia significar uma pausa táctica, destinada a ganhar fôlego, demonstrar boa vontade negocial, apostando tudo no ataque ao objectivo principal e acreditando que no próximo ciclo de avaliação o modelo acabará completamente transformado pela prática.

Contra: Aceitar este Simplex significa aceitar implicitamente, e isso seria imediatamente aproveitado pelo ME e Governo, algumas das implicações práticas do ECD, como sejam a divisão da carreira e o mecanismo das quotas. Para além disso, o Simplex simboliza a opção pela componente burocrático-administrativa como a essencial da avaliação, invertendo aquela que deveria ser a lógica dominante, ou seja, a componente pedagógico-científica. Para além disso, o DR 2/2008 continua em vigor para os próximos ciclos de avaliação, nada garantindo que a sua revisão a partir do início do verão leve à sua efectiva substituição.

2. Pedir A Aplicação Extensiva Da Avaliação
Ou como há uns tempos aqui escrevi, exigir tudo aquilo a que temos direito na avaliação, desde todas as formalidades até todos os recursos.

Pró: Apesar das simplificações impostas ao processo a verdade é que, querendo os avaliados, ainda se mantêm no modelo, como opcionais, muitas das medidas iniciais, como sejam a possibilidade de reuniões individuais para negociação dos objectivos, aulas assistidas, etc, etc, incluindo ainda agora a possibilidade de requerer avaliador na área disciplinar específica e alguns outros detalhes que, bem explorados e aplicados até às últimas reticências, podem tornar inviável todo o processo. Se a maioria dos docentes de uma escola ou agrupamento pedir a aplicação integral do que está em vigor, mesmo se como opcional para quem queira o Muito Bom ou Excelente, dificilmente o modelo será exequível, muito em especial se cada avaliado exercer os seus direitos de contestação e recurso da mais pequena falha processual. Seria combater o fogo com o fogo, demonstrando na prática o pesadelo que sempre foi denunciado e, pelo caminho, dava-se cabo da cabeça de muito adesivo.

Contra: Optar por esta via implica um esforço enorme, um desgaste brutal não apenas para os avaliadores (que tantas vezes até estão nessa função sem especial apetência ou adesivite) mas para os próprios avaliados que assim teriam de enfrentar o inferno burocrático do modelo em quase todo o seu esplendor. E tudo em apenas dois períodos lectivos. Também poderia ser apontada a esta alternativa a aceitação implícita do modelo, mesmo se para o fazer implodir. Também implica um estudo aprofundado do modelo e saber distinguir aquilo que está em vigor, todas as ramificações do processo e ainda uma enorme capacidade de resistência psicológica às pressões da tutela e órgãos de gestão a favor dos métodos simplificados. Seria ainda uma opção que, dando muito a ganhar aos profissionais da saúde mental, acabaria por prejudicar o normal funcionamento das escolas. Mesmo se o objectivo seria mesmo demonstrar isso.

3. Não Entregar Os Objectivos Individuais
Pró: É a atitude mais coerente de quem recusa este modelo de avaliação, com ou sem simplex. Não entregar os Objectivos Individuais constitui a recusa, assumida de forma individual e nominal, em entrar sequer nos meandros do modelo. Não acarreta prejuízos para terceiros, mas apenas para o próprio e para o orçamento familiar. Não significa a recusa em ser avaliado, mas sim a participação num modelo que se afirma ser mau.

Contra: O principal prejuízo é a não progressão na carreira decorrente da não avaliação. É uma consequência de tipo individual que tem óbvias implicações de ordem material a médio prazo, dependendo do momento previsto para a eventual mudança de escalão. Para além da atitude individual, só terá verdadeiro efeito em termos globais se for uma opção assumida de forma maioritária pelos docentes de cada escola e/ou agrupamento, seja através de uma tomada de posição colectiva ou pela soma das posições individuais.



Resultados Provisórios Da Sondagem


Após cerca de 48 horas de recolha de votos (766 no total, com bloqueio de cookie e IP para evitar duplicações fáceis), os resultados são os seguintes, por ordem decrescente:

· Não entregar os Objectivos Individuais: 427 (56%).

· Pedir a aplicação extensiva do modelo: 110 (14%)

· Não faço ideia: 101 (13%)

· Aceitar o Simplex que isto já não é nada: 63 (8%)

· Sou dos Grupo dos 13: 44 (6%)

· Não quero ser avaliado por nenhum modelo: 21 (3%)

O principal comentário parece-me óbvio: a não entrega dos Objectivos Individuais é a atitude mais coerente por quem acha que o modelo é mau e não quer ter parte nele. O resto da distribuição também segue uma distribuição que me parece fiável. Os adeptos do modelo, que podemos identificar com o grupo dos 13, estão na ordem dos 6%, o que até acho baixo pois julgaria que representassem cerca de uns 10%.

Sendo uma sondagem anónima note-se que só 3% admitiu não querer nenhuma avaliação, bem menos dos que se confessam confundidos com toda esta situação (13%) e sem saber bem o que fazer.

Posted by Paulo Guinote under Avaliação, Docentes, Lutas, Simplex, Tácticas

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