segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Escrita por António Lobo Antunes

Ainda há esperança...se com o Valentim e o Isaltino... tornámos a ter mais do mesmo( embora com maiorias diminuídas) já a Fátima e o Avelino foprm á vida de vez...
E, certamente, não se vão queixar da vidinha que o tempo de presidentes de câmara lhes vai proporcionar.
Para descontrair e senm qualquer relação com eleições aqui fica um escrito de Lobo Antunes


Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,·
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha, Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer. unes.

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