sábado, 14 de novembro de 2009

COPIADO DO "PROMOVA"

O PSD e, especificamente, o líder do seu grupo parlamentar, Aguiar Branco, vinham assumindo uma postura de grande coerência e determinação na forma como estavam a honrar os seus compromissos públicos com os professores, sendo visível, nas escolas, a admiração e o respeito que os professores vinham manifestando pelas posições do partido.
Com esta postura de aproximação ao PS, abdicando da exigência de suspensão do modelo de avaliação e do esforço de convergência com os outros partidos da oposição para suspenderem o modelo de avaliação e os seus efeitos, o PSD prepara-se para desbaratar todo o crédito que vinha granjeando junto da classe docente.
Com a agravante de que os professores não esquecem os compromissos públicos do PSD em suspender este modelo de avaliação e, sobretudo, a promessa pública feita ao PROmova, em Vila Real, pelo cabeça de lista local, Montalvão Machado, de que o modelo de avaliação e os seus efeitos seriam travados na Assembleia da República.
Acontece que existe uma diferença crucial entre votar no Parlamento a suspensão do modelo de avaliação e dos seus efeitos, isto é, assegurar a não penalização dos que se recusaram a participar nesta farsa de avaliação (o que é apenas recomendado, mas a que a ministra já respondeu negativamente), mas, sobretudo, não permitir que esta avaliação introduza diferenciações entre os professores, ou deixar ao governo a substituição do modelo, mantendo as vantagens injustas decorrentes das avaliações de “excelente” e de “muito bom”.
E este constitui o erro crasso do PSD, pois não se pode afirmar que o modelo de avaliação em vigor "foi muito mau em todos os aspectos para a dignidade dos professores e para o funcionamento das escolas", para, em simultâneo, se abdicar de tirar daqui todas as consequências.
Permitir que o governo valide classificações de "excelente" e de "muito bom", obtidas no quadro do modelo de avaliação em vigor, é uma postura irresponsável, inconsequente, destituída de seriedade e de exigência, mas sobretudo, injusta para aqueles milhares que assumiram o dever cívico da "desobediência civil" que permitiu pôr fim a um modelo errado, incompetente e absurdamente injusto. Quem pactuou com a incompetência deste modelo e procurou, de forma oportunista, aproveitar com a mesma, não pode ser recompensado com vantagens em termos de carreira e de concursos face aos colegas resistentes e que prestaram um inestimável serviço à qualificação da escola pública e à dignificação dos professores.
Além do mais, porque estas classificações aconteceram em condições de não reconhecimento da competência dos avaliadores, de deterioração de relações pessoais e profissionais, bem como de sucessivos incumprimentos de prazos e de procedimentos. E, acima de tudo, porque essas classificações máximas não traduzem com rigor e objectividade a adequada distribuição das competências e qualificações dos professores em cada escola, pois muitos dos melhores optaram pela defesa da sua dignidade, pela exigência de uma avaliação rigorosa, credível e justa, assim como privilegiaram a preservação do investimento nas aprendizagens dos seus alunos e não a burocracia asfixiante da sua avaliação.
Para mim, pessoalmente, é uma pena ver o PSD interromper, de forma tão inexplicável e injustificada, uma trajectória de aproximação aos professores e às suas justas reivindicações.
A concretizar-se esta opção, resta-me o lamento e o arrependimento pela esperança que coloquei, e contribuí para que outros colegas o fizessem também, no PSD.

Octávio V Gonçalves
(NEP e NBlogger)

Ler também:
Assim, dificilmente os portugueses levarão o PSD a sério! (blogue Octávio V Gonçalves)
O que Pedro Duarte (PSD) ainda não percebeu: como pode um modelo absurdo, incompetente e injusto legitimar vantagens a nível de carreira e concursos? (blogue PROmova)




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