Merkel diz que austeridade deve ir mais além
Chanceler alemã elogia medidas “corajosas”, mas adverte que os resultados "dependem da sua implementação”. Bloco de Esquerda denuncia vassalagem de Sócrates à “imperatriz Merkel”.
Artigo | 3 Março, 2011 - 02:43
"Quando o país vive o drama das políticas de austeridade, o senhor primeiro-ministro mantém um elevado nível de contentamento consigo próprio”, dz o Bloco . Foto EPA/WOLFGANG KUMM
A chanceler Angela Merkel, da Alemanha, defendeu nesta quinta-feira em Berlim que as reformas adoptadas pelo governo português “devem ir mais além”. Para ela, as medidas estruturais em Portugal estão tomadas, e, agora, os resultados "dependem da sua implementação”.
Na conferência de imprensa a seguir ao encontro com José Sócrates, Merkel disse que Portugal tem dado passos na direcção certa, considerou corajosas as medidas de austeridade e disse que “Portugal está num muito bom caminho”.
Sócrates levou a Berlim os dados preliminares da execução orçamental de Fevereiro, que apontam para uma descida de 3,6% na despesa efectiva do Estado nos dois primeiros meses do ano, em grande parte devido à redução dos salários dos funcionários públicos.
A chefe do governo alemão disse que os dois países estão unidos “pela vontade comum de fazer tudo para manter a estabilidade do euro”, destacando que decidiram “reforçar o Pacto de Estabilidade, o que vai ser debatido agora com o Parlamento Europeu”. Este reforço, que não foi especificado, “deve ser rapidamente implementado, tal como a alteração limitada dos tratados necessária para instalar um mecanismo anti-crise permanente”, adiantou Merkel.
Os dois chefes de governo falaram também sobre o pacto para a competitividade, embora Merkel tenha admitido que a concordância não é total. “Ainda vamos falar de detalhes ao jantar, mas estamos de acordo que um tal pacto de competitividade é necessário, pode ajudar-nos a tornar mais claro o compromisso de cada um dos Estados membros de que o euro é a sua moeda comum e deve ser uma moeda forte”, disse a chanceler.
Bloco de Esquerda denuncia vassalagem
Para o Bloco de Esquerda, o encontro Sócrates-Merkel representou apenas o reforçar da vassalagem do primeiro-ministro português à “imperatriz” alemã, sublinhando que a questão fundamental é a possibilidade de agravamento das medidas de austeridade.
“O Bloco de Esquerda regista que quando o país vive o drama das políticas de austeridade, o senhor primeiro-ministro mantém um elevado nível de contentamento consigo próprio”, afirmou a deputada Cecília Honório, destacando que Sócrates teve mais uma vez o “aval” da “imperatriz Merkel”, para quem “a austeridade, as políticas de ataques às prestações sociais, a crise profunda que o país vive, o desprezo completo pelo drama social da pobreza e do desemprego” são “razões de contentamento”. Além disso, sublinhou Cecília Honório, a conversa mostra que “a perspectiva de baixar os juros da dívida não tem cabimento”.
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