terça-feira, 1 de março de 2011

PEDOFILIA FISCAL

Pedofilia fiscal
por José de Pina, Publicado em 09 de Fevereiro de 2011
Um pouco na brincadeira, pensei que a obrigatoriedade de os bebés e crianças terem número de contribuinte (NIF) fosse uma maneira de Sócrates começar a pôr a miudagem a fazer retenção na fonte, de 25%, sobre rebuçados, chocolates, danoninhos, a declarar o IVA dos brinquedos, etc. Mas tenho de reconhecer que esta medida já está a ter impacto; o meu filho de 12 anos já me perguntou se as mesadas que eu lhe dou são consideradas doações e se vai ter de as declarar para pagar IRS. Respondi logo: "Que disparate, claro que não! Isso é só para o ano..." Como se vê, ter um NIF logo desde o nascimento é estimular o sentido de responsabilidade. As crianças precisam de regras! Elas crescem num mundo sem regulação e por isso são uns meliantes em potência. Basta ver a maneira como os miúdos trocam os cromos; eles têm de saber que, quando trocam um cromo por quatro há mais-valias a pagar. As casas nas árvores e os esconderijos secretos não passam de offshores. E atenção aos amigos imaginários dos nossos filhos: há cada vez mais casos de amigos nas ilhas Caimão ou em Porto Rico. Mas agora com o NIF as crianças vão perceber que isto não é uma balda. No entanto, para esta medida ser mais atractiva, além dos recibos verdes para adultos, deveria haver recibos em cor-de-rosa e em azul, para menina ou menino, e com autocolantes da Hello Kitty e dos Gormitti. Se Oliveira Costa, Vale e Azevedo, João Loureiro e outros, além da chucha tivessem um NIF logo desde bebés, se calhar não estavam agora metidos em sarilhos.

Argumentista/humorista

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