Mais uma acha para a fogueira desta miserável campanha que os 2 principais
candidatos tem vindo a animar, que a nossa imprensa adora publicar e nós
através deste meio adoramos repassar
A Dívida de Gratidão !!!!!!!!!!
Naqueles longínquos anos 80 o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na
Universidade Nova de Lisboa.
Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara (recorde-se
que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.) cedo levaram
a que fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade Católica.
Ora, embora esta acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse
suscitado dúvidas ou sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é
que, pelos vistos, ela se revelou excessivamente onerosa para o Prof. Cavaco
Silva.
Como é natural, as faltas às aulas – obviamente às aulas da Universidade
Nova – começaram a suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os
órgãos directivos da Universidade.
A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da Universidade Nova,
na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que não instaurar ao Prof. Aníbal
Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu despedimento por
acumulação de faltas injustificadas.
Instruído o processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo devidamente
encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de ver, competia
uma decisão definitiva sobre o assunto.
Na ocasião era ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro.
Ora, o que é facto é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal
Cavaco Silva, e que conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de
docente da Universidade Nova, foi andando aos tropeções, de serviço em
serviço e de corredor em corredor, pelos confins do Ministério da Educação.
Até que, ninguém sabe bem como nem porquê,... desapareceu sem deixar rasto...
E até ao dia de hoje nunca mais apareceu.
Dos intervenientes desta história, com um final comprovadamente tão feliz,
sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado Primeiro-ministro.
E sabe-se também que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser
nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof.
Cavaco Silva, sem que tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu
anterior desempenho, tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério
da Educação.
Do mesmo modo, o seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros,
pejado de erros e sucessivas “gaffes”, a tal ponto de ser ultrapassado em
competência e protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de
nome José Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o
Primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de
Deus Pinheiro para o cargo de Comissário Europeu.
De qualquer modo, e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof.
João de Deus Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e
críticas, e de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco
mais, que impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o
reconduzir no cargo.
A amizade é, de facto, uma coisa muito bonita...
Maria Encarnação Gorgulho Santos
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