Após publicação do artigo do Mário Crespo no JN de 8 membro iniciava o
> guloso caminho financeiro para as Presidenciais, nas quais talvez
> fosse preciso algum dinheiro para alavancar o início da aventura...
> mas nós talvez pudéssemos fazer de conta que não é preciso dinheiro
> para ser candidato a Presidente da República, talvez pudéssemos fazer
> de conta que o mandatário financeiro dessa operação não foi Manuel
> Dias Loureiro, até poderíamos talvez supor que a familia Silva,
> verdadeiramente, nunca comprou acções de coisa nenhuma, tendo talvez
> apenas feito de conta que assinaram uns papéis a dizer que sim que não
> se importariam de comprar acções e uns meses depois a dizer
>
>
>
> Continuemos a fazer de conta, por Mário Crespo
>
> Façamos de conta que e o que passou no BPN e na SLN não é mesmo uma
> enorme "roubalheira". Façamos de conta que há outro termo para
> descrever correctamente o saque de dois mil milhões de dinheiro dos
> portugueses.
> Façamos de conta que a mais-valia de 147 por cento do investimento de
> Aníbal Cavaco Silva e família não aparece nos dois mil milhões de
> prejuízos do BPN nacionalizado. Façamos de conta que não é o
> contribuinte português quem está a pagar esses dois mil milhões.
> Façamos de conta que é normal conseguir valorizar um investimento
> 147,5 por cento em menos de dois anos. Tudo isto fora do controlo das
> entidades fiscalizadoras e reguladoras do mercado de capitais. Façamos
> de conta que um conglomerado de bancos e offshores que compra coisas
> por dezenas de milhão, que vende depois por um dólar, e que rende mais
> do que a Dona Branca, é normal. Façamos de conta que um negócio gerido
> assim faz algum sentido no mercado. Façamos de conta que é acessível
> ao cidadão comum um negócio destes. Façamos de conta que sabemos todas
> as circunstâncias da compra e da recompra das acções de tão prodigiosa
> mais valia, que a família Silva detinha no projecto de Dias Loureiro e
> Oliveira e Costa. Façamos de conta que a SLN não tem nada a ver com o
> BPN. Façamos de conta que o BPN e a SLN não têm um número invulgar de
> gente do PSD envolvido nas suas actividades. Façamos de conta que
> Aníbal Cavaco Silva não é a personalidade de mais influência no PSD.
> Façamos de conta que os termos SLN, Sociedade Lusa de Negócios ou SLN
> Valor aparecem no comunicado da Presidência da República de 23 de
> Novembro de 2008. Façamos de conta que, nesta fase de dúvidas, é
> aceitável uma declaração como a emitida pelo Palácio de Belém sem
> referências ao valioso investimento familiar no mais controverso dos
> projectos financeiros da história de Portugal. Quando é só esse
> investimento que está causa. Por ser uma aplicação num projecto de
> licitude duvidosa. Façamos de conta que o Chefe Executivo desse
> projecto não tinha sido um íntimo colaborador de Aníbal Cavaco Silva
> responsável por finanças públicas. Façamos de conta que entre 2001 e
> 2003 os negócios do BPN e da SLN decorriam de forma irrepreensível e
> no cumprimento integral da lei da República. Façamos de conta que não
> foi por escolha pessoal do Presidente da República que Dias Loureiro
> foi nomeado Conselheiro de Estado. Façamos de conta que, como o
> Presidente disse, estar Dias Loureiro no Conselho de Estado era a
> mesma coisa que estar António Ramalho Eanes ou Mário Soares ou Jorge
> Sampaio. Façamos de conta que o Presidente relatou tudo o que devia
> ter relatado ao País sobre os seus activos passados nos projectos de
> Oliveira e Costa e Dias Loureiro. Façamos de conta que não há gente
> presa por causa do BPN. Façamos de conta que não vai haver mais gente
> presa. Façamos de conta que o que se passou no BPN e na SLN não é
> mesmo uma enorme "roubalheira". Façamos de conta que há outro termo
> para descrever correctamente um saque de dois mil milhões de dinheiro
> dos portugueses. Façamos de conta que não conseguimos imaginar quantas
> escolas, quantos hospitais, quantas contas de farmácia, quantas
> pensões mínimas, quantas refeições decentes se podem comprar com esse
> dinheiro. Façamos de conta que basta, apenas, cumprir rigorosamente a
> Lei e ignorar o que a Lei não diz, para se ser inquestionavelmente
> impoluto. Façamos de conta que não sabemos o que se está a passar à
> nossa volta. Até onde aguenta o País continuarmos a fazer de conta que
> não vemos?
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