quarta-feira, 27 de julho de 2011

ALTERNATIVAS AO DESASTRE

Seguem as notas da reunião do núcleo de Lisboa da «Convergência e Alternativa»
(SPGL, 21 Julho 2011, 21h30m)

A primeira parte da reunião foi ocupada com a prestação de informações sobre as actividades da equipa de coordenação provisória após a primeira reunião do núcleo em 31 de Maio.

A Comissão Coordenadora Provisória prestou informações sobre a possibilidade da realização de auditoria cidadã à divida pública.

Informou-se sobre a reunião internacional de movimentos sociais promovida por uma delegação da Islândia tendo em vista partilhar experiências e alcançar uma boa articulação entre os movimentos nacionais.

Deu-se informações sobre a reunião da CeA com membros de vários movimentos sociais destinada a melhorar o conhecimento mútuo e estudar formas de articulação.

Fez-se um breve resumo da reunião realizada nesse mesmo dia nas instalações da Associação 25 de Abril com os representantes dos vários Manifestos publicados este ano, e/ou dos movimentos a que deram origem. O resultado mais importante dessa reunião foi a decisão de as entidades representadas partilharem informação sobre as suas iniciativas e de criarem um grupo de trabalho que estude a viabilidade de formas de comunicação alternativa que exerçam pressão sobre a comunicação social para que se abra ao pluralismo dos pontos de vista sobre a crise.

A segunda parte da reunião foi ocupada com uma partilha de opiniões sobre a presente crise, com destaque para a sua dimensão europeia e a incerteza da sobrevivência da zona euro, sobre o que cada um dos participantes espera da CeA na lutas sociais que se avizinham, e qual deve ser a sua relação com os partidos da esquerda.

Algumas ideias fortes animaram a discussão:

- a necessidade de valorizarmos as iniciativas conduzidas pelos jovens;

- a necessidade de a CeA colaborar com o que é novo no movimento social, os movimentos de jovens precários, e também com o que é tradicional (mas não forçosamente destinado a desaparecer), caso das lutas sindicais pelo emprego e a valorização do trabalho;

- a importância de a esquerda voltar a defender o pleno emprego como um objectivo central da política económica;

- a importância de a esquerda não ter pejo em assumir-se como dissidente do actual sistema político-económico e apresentar propostas que apelem a princípios éticos e recuperem os valores da fraternidade e do patriotismo;

- a identificação de uma previsível tendência para o aumento de uma resposta forte da direita, à medida que as lutas se intensifiquem;

- a vocação da CeA para promover a convergência de todos os que recusam a política de austeridade e ataque ao Estado Providência e para, uma vez chegada a hora de novas eleições legislativas, congregar todas as forças disponíveis para uma proposta política alternativa.

Este último tópico suscitou uma longa troca de pontos de vista sobre a natureza da CeA. Houve quem se manifestasse interessado em que a CeA não vá além de um movimento cívico, promotor de debates e iniciativas que interpelem os actuais partidos da esquerda. Também foi defendido que, para melhor promover a convergência das esquerdas realmente existentes, e não das que desejaríamos que existissem, a CeA deve evitar apresentar propostas políticas que inviabilizem à partida o diálogo com esses partidos. Em contraponto, foi recordado o subtítulo do Manifesto, e alguns parágrafos da sua secção final, para defender que a convergência que nos propomos alcançar envolve apenas os cidadãos, partidos e movimentos sociais que lutam contra as políticas do memorando assinado com a UE/FMI. Sendo esse o ponto de partida da CeA, também se considerou que é muito prematuro, e porventura mesmo inconveniente, especular sobre a futura criação de uma plataforma ou de um part
ido político. Também se referiu que, apesar do compromisso que o PS tem com o Memorando, deve ser preservada a abertura ao diálogo com a nova liderança.

Este debate político, a par da programação das actividades do núcleo da CeA em Lisboa, terá continuidade na próxima reunião a convocar em Setembro.


A comissão de coordenação provisória

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