quarta-feira, 5 de novembro de 2008

PAÍS

Subject: Estão todos feitos

e a malta é q paga








Só pode ser um engano extraordinário

Ontem de manhã, pelas dez horas, começou o Conselho de Ministros Extraordinário, que resultou - entre outras coisas extraodinárias como o pagamento extraordinário das dívidas do Estado às empresas - na nacionalização extraordinária de um banco.

Entretanto, o extraordinário Ministro da Economia estava nesse Conselho de Ministros Extraordinário? Estava a defender o pagamento de 2.450 M€ às empresas credoras do Estado, medida que já vem atrasada para as tesourarias da economia nacional? Estava a discutir, na Gomes Teixeira, o futuro da economia e da inovação, com o papel do Estado dentro das estruturas da banca portuguesa? Estava a acompanhar a injecção de 4.000M€ num sector da economia?

Parece que não. Parece que, ontem de manhã, Pinho estava a inaugurar um autódromo no Algarve. Extraordinário.Publicado por DBH em 31 da Armada

O que diz o Ministro da Economia no dia em que o Governo nacionalizou um banco?


'O ministro da Economia classificou hoje a inauguração do Autódromo do Algarve como um «grande dia» e elogiou a coragem dos privados '
Isto foi ao meio dia de Domingo. Depois de ter ouvido a Rita Guerra e ter dado uma volta à pista com o Tiago Monteiro.
Perguntar não ofende: Manuel Pinho saberia o que se estava a decidir em Lisboa?Publicado por DBH em 31 da Armada

há por aí muita gente a rir
Apenas o BPN é nacionalizado, os restantes negócios detidos pelo Grupo SNL, onde estão incluídos o Grupo Português de Saúde e Real Seguros mantêm-se nas mãos dos accionistas.

Há pouco tempo atrás o Grupo SLN foi reestruturado. Separaram as participações isolando o Banco dos restantes negócios. Activos para um lado. Passivos para o outro. Em pulgas para brincar aos países grandes o governo engoliu o isco. Olhem para mim tão competente a salvar depositantes e a economia nacional também. Vai daí não olharam para o que estavam a fazer. Nacionalizaram os passivos. Um grande negócio. O que podia dar dinheiro ficou nas mãos dos accionistas. O que não tinha salvação ficou nas mãos dos contribuintes. Podemos ficar todos tranquilos que este governo sabe o que faz.publicado por Rodrigo Moita de Deus em 31da Armada


If I may ask...
Por acaso o Estado português, por exemplo a segurança social, não seria um depositante do BPN, não? Tipo, não tinha lá um montante enorme da segurança social que podia desaparecer se o banco simplesmente implodisse, não? É que se fosse esse o caso isto não seria uma nacionalização, seria um resgate oneroso de um depósito. Muito oneroso.

Just wondering...publicado por Henrique Burnay em 31 da Armada

UM CASO DE POLÍCIA (ou falta dela)

Há muito que era evidente que algo não funcionava correctamente no BPN. Uma auditoria da Deloitte & Touche revelou, em 2002, que o banco não cumpria os rácios mínimos de solvabilidade. No ano seguinte o BPN foi investigado por alegado branqueamento de capitais. Os esquemas eram do conhecimento de meio mundo. O poder político fechou os olhos porque o banco era a extensão financeira do PSD. Dias Loureiro, Rui Machete, Oliveira e Costa, Daniel Sanches e mais uma galeria de ex-secretários de estado e ministros participaram e promoveram este verdadeiro caso de polícia.

Vítor Constâncio bem pode dizer que não é polícia e que nem tem meios para tal. Certo. Mas não precisava era fingir, durante anos, que nada se passava e que não sabia de nada. Constâncio não é polícia, mas pode chamá-la. Não o fez até tudo se tornar tão evidente que os próprios responsáveis pelo banco começaram a denunciar a situação. Agora diz, com o maior topete, que os acontecimentos no BPN foram precipitados pelas notícias da comunicação social. O que Constâncio se deveria perguntar é como é que é possível que, ao mesmo tempo que o Banco de Portugal continuava a pedir relatórios à nova administração, as histórias sobre a iminente falência do BPN já tivessem ganho uma tal dimensão que tornaram o destino do banco uma questão de dias. É a passividade do seu papel que está em causa, não um suposto e muito pouco credível exagero mediático.

Tudo bons rapazes
Leio no Público e noutros jornais a lista de nomes que rodavam à volta do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios à época de todas as falcatruas e fico cheio de vontade de saber mais: José Oliveira Costa, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva, presidente do Conselho de Administração do BPN entre 1998 e 2008, tendo ficado no Conselho Superior da empresa depois disso e deixando na administração o seu filho; Manuel Dias Loureiro, ministro da Administração Interna de Cavaco Silva e actual conselheiro de Estado, ex-accionista do banco, ligado à Sociedade Lusa de Negócios como presidente da Sociedade Portuguesa de Pinturas e Módulos e consultor de outra empresa do grupo - como sempre, sempre perto mas sempre resguardado; Daniel Sanches, ministro da Administração Interna de Santana Lopes, chegado à SLN pela mão de Dias Loureiro, foi secretário da Assembleia Geral do BPN, administrador da Pleiade, presidente da Serviplex e da Vsegur e adninistrador de uma empresa de Trabalho Temporário, tudo empresas da SLN; Rui Machete, presidente da Mesa do Congresso do PSD e da FLAD, há vários anos presidente do Conselho Superior do BPN; Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, esteve com Oliveira Costa no Conselho Geral do Banco Efisa, que integra o BPN. Quem o substituiu? José Lamego.
Num país que se leva a sério, tendo o Estado sido obrigado a intervir e não sendo ainda certo quanto custará esta medida aos contribuintes, estas pessoas, todas elas, teriam de contar muita coisa. A começar pela mais entrigante: o que raio tinha este pequeno banco com uma gestão suspeita de vários crimes para juntar tantos ex-governantes e quase todos com a mesma proveniência?
Também quero discutir o papel do Banco de Portugal. Mas temo que no meio desse debate se esqueçam estes nomes. Alguns já foram esquecidos noutras histórias. Arrastão






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