quinta-feira, 17 de setembro de 2009

José Niza e Manuela Moura Guedes

José Niza é do P.S.
Isso é conhecido.

Mas vale a pena ler este seu artigo

Minha Leitura (José Niza) sobre MANUELA M.GUEDES

(vale MUITO a pena ler este artigo. O que a imprensa escrita e as TV's
não contam)



TVI - A Minha Leitura (José Niza)

Fui director de programas da RTP e depois seu administrador. E garanto-vos
que, se alguma vez algum apresentador ou jornalista desse uma entrevista a
chamar-me "estúpido", a primeira coisa que aconteceria seria o
cancelamento imediato do seu programa, independentemente de haver ou não
eleições em curso.

Por isso me parece incompreensível que, embora rios de tinta já se tenham
escrito sobre o cancelamento do jornal nacional que Manuela Moura Guedes
(MMG) apresentava na TVI, todos os analistas e comentadores tenham
ignorado a explosiva e provocatória entrevista que MMG deu ao Diário de
Notícias dias antes de a administração da TVI lhe ter acabado com o
programa.

Em meu entender essa entrevista, realizada com antecedência para ser
publicada no dia do regresso de MMG com o seu jornal nacional, foi a gota
de água que precipitou a decisão da TVI. É que, o seu conteúdo, de tão
explosivo e provocatório que era, começou a ser divulgado dias antes. E se
chegou ao meu conhecimento, mais cedo terá chegado à administração da TVI.

Nessa entrevista MMG chama "estúpidos" aos seus superiores. Aliás, as
palavras "estúpidos" e "estupidez" aparecem várias vezes sempre que MMG se
refere à administração.

É um documento que merece ser analisado, não somente do ângulo
jornalístico, mas sobretudo do ponto de vista comportamental. É uma
entrevista de uma pessoa claramente perturbada, convicta de que é a maior
("Eu sou a Manuela Moura Guedes"!) e que se sente perseguida por toda a
gente. (Em psiquiatria esse tipo de fenómenos são conhecidos por "ideias
delirantes", de grandeza ou de perseguição).

MMG diz-se perseguida pela administração da TVI; afirma que os accionistas
da PRISA são "ignorantes"; considera-se "um alvo a abater"; acusa José
Alberto de Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa de
fazerem "fretes ao governo" e de serem "cobardes"; acusa o Sindicato dos
Jornalistas de pessoas que "nunca fizeram a ponta de um corno na vida";
diz que o programa da RTP 2, Clube de Jornalistas, é uma "porcaria";
provoca a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social); arrasa Miguel
Sousa Tavares e Pacheco Pereira, etc.

E quando o entrevistador lhe pergunta se um pivô de telejornal não deve
ser "imparcial", "equidistante", "ponderado", ela responde: "Então metam
lá uma boneca insuflável"!

Como é que a uma pessoa que assim "pensa" e assim se comporta, pode ser
dado tempo de antena em qualquer televisão minimamente responsável?

Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer - e como sublinhou Mário
Soares - esta questão não tem nada a ver com liberdade de imprensa ou com
a falta dela. Trata-se, simplesmente, de um acto e de uma imperativa
decisão administrativa, e de bom senso democrático.

Como é que alguém, ou algum programa, a coberto da liberdade de imprensa,
pode impunemente acusar, sem provas, pessoas inocentes? É que a liberdade
de imprensa não é um valor absoluto, tem os seus limites, implica também
responsabilidades. E quando se pisa esse risco, está tudo caldeirado. Há,
no entanto, uma coisa que falta: uma explicação totalmente clara e
convincente por parte da administração da TVI, que ainda não foi dada.

Vale também a pena considerar os posicionamentos político-partidários de
MMG e do seu marido.

J. E. Moniz tem, desde Mário Soares, um ódio visceral ao PS. Sei do que
falo. MMG foi deputada do CDS na AR.Até aqui, nada de especialmente
especial.

O que já não está bem - e é criminoso - é que ambos se sirvam de um
telejornal para impunemente acusarem pessoas inocentes, sem quaisquer
provas, instilando insinuações e induzindo suspeições.

. Mas Salazar dizia: "O que parece, é"!

E eles aprenderam.

- 1984. Eu era, então, administrador da RTP. Um dia a minha secretária
disse-me que uma das apresentadoras tinha urgência em falar comigo: -
"Venho pedir-lhe se me deixa ir para a informação, quero ser jornalista"!
Perguntei-lhe se tinha algum curso de jornalismo. Não tinha. Perguntei-lhe
se, ao menos, tinha alguma experiência jornalística, num jornal, numa
rádio... Não tinha. "O que eu quero é ser jornalista"! Percebi que estava
perante uma pessoa tão determinada quanto ignorante. E disse-lhe: "Vá
falar com o director de informação; se ele a aceitar, eu passo-lhe a guia
de marcha e deixo-a ir". A magricelas conseguiu. Dias depois, na primeira
entrevista que fez - no caso, ao presidente do Sporting, João Rocha - a
peixeirada foi tão grande que ficou de castigo e sem microfone uma data de
tempo.

P.S.

A jovem apresentadora chamava-se Manuela Moura Guedes.

E se eu soubesse o que sei hoje...

Ribatejo - Portugal

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