terça-feira, 8 de dezembro de 2009

JUSTIÇA DONTEM E DE HOJE

PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO


(Autos arquivados na Torre do Tombo, Armário 5, Maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e
dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas
públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os
quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi
arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de:

...ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete
filhas e trinta e sete filhos;

de cinco irmãs teve dezoito filhas;

de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;

de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;

de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;

dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da
própria mãe teve dois filhos.



Total: duzentos e noventa e nove filhos, sendo duzentos e catorze do
sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino...

.... tendo concebido em cinquenta e três mulheres".

[agora vem o melhor:]

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos
dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a
povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e mandou
arquivar os papéis da condenação."

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