quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

NORUEGA

'Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e
> acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte
> significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos
> filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um
> ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos
> por gravidez.'
>
>
> 'A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o
> maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos
> sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS
> limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e
> estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas
> «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros.'
>
> 'É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na
> Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o
> cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de
> seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património
> a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem
> anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao
> combate à fraude económica.'
>
> 'Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os
> empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para
> nos ensinar. E, já agora, os políticos.
> Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país,
> afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta
> cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se
> ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de
> dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro
> às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses
> fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão
> maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos
> verdadeiramente importantes.'
>
> 'Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do
> país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da
> gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade.
> Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba,
> não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da
> capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa.'
>
> 'Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos
> seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram
> de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que
> estes joguem à bola.
> Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses
> que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha
> acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à
> «social-democracia nórdica».. Ao tempo para viver e à segurança
> social.'
> 'Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos
> precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos
> escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do
> «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e
> subsídios.'
>
> É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.
> Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.
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