segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DECLARAÇÃO

Um comentário de Paulo Anjos, assessor de imprensa da Câmara Municipal de Setúbal




A "seriedade" de Passos Coelho.





“Se dissermos que a despesa irá ser 100 e ela for 300, aqueles que são culpados pelo resvalar dessa despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus atos e suas ações.” Passos Coelho, líder do PSD, em 6 de Novembro de 2010

“O que se passou desde 2004 na Madeira é uma irregularidade grave, que não tem compreensão.” Passos Coelho, primeiro ministro, 16 de Setembro de 2011

Lidas as diferenças entre o discurso de 2010 e o de 2011 fica-se com a ideia de que Alberto João Jardim não merece ir preso, mas apenas levar umas palmatoadas como castigo pelo buraco que fez nas contas madeirenses.

O rigor oposicionista de Passos Coelho perdeu toda a força em menos de um ano, o que nos permite assistir, já com uma sensação de náusea indisfarçável e tão poderosa que já quase impede até a simples escrita de qualquer comentário sobre o assunto, a uma tentativa de colocar o problema madeirense num nível distinto do problema da dívida do continente.

Alberto João lá terá importante pergaminhos para que os deuses do PSD tanto o protejam, mas quando é a nós que tiram talhadas do subsídio de natal, partes dos salários de funcionários públicos, mais dinheiro para pagar o passe e o bilhete da camioneta, mas IVA para comer, mais euros para a electricidade começa a sentir-se mais do que náusea.

A hipocrisia deste PSD, a mesma de sempre, aliás, é o condimento que permite ao ministro Gaspar das Finanças afirmar a propósito do buraco do Alberto João, com a calma e lentidão habitual que tanto exasperam o desgraçado que no fim do mês lá vai pagar mais pelo passe social, que “este é um caso pontual, que não tem paralelo“. Pontual? 1.113,3 milhões? E não tem paralelo com o quê?

Vítor Gaspar e Passos Coelho é que não têm paralelo com qualquer ideia de seriedade nem de justiça e verifica-se que nunca o prazo de validade de um Governo se esgotou tão depressa como este.

Interessante silêncio é também o desse grande defensor dos limites aos sacrifícios dos portugueses que é Presidente da República. Aguarda-se com expectativa o que terá o mais alto magistrado da nação a dizer sobre o buraco ou se, pelo contrário, acha a coisa tão pontual que nem vale a pena falar dela.

Paulo Anjos

Assessor de Imprensa da Câmara Municipal de Setúbal.

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