segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA

Louçã denuncia “fanatismo ideológico” do governo PSD/CDS-PP


Na sessão de encerramento do Fórum Novas Ideias para a Esquerda, Francisco Louçã anunciou que o Bloco propõe um referendo à privatização das Águas de Portugal e apelou à unidade de toda a esquerda “para que esta democracia permita que a maioria possa fazer escolhas sobre uma água pública para todos”.

Artigo
11 Setembro, 2011 - 21:55



Foto de esquerda.net Durante a sessão de encerramento do Fórum Novas Ideias para a Esquerda – Socialismo 2011, que contou com a participação de perto de 400 participantes, 46 painéis, 53 oradores e 7 espaços de debate, Louçã referiu-se ao fanatismo ideológico da direita e ao sectarismo do PS e reafirmou os objectivos do Bloco.



No seu discurso, Francisco Louçã começou por invocar as vítimas do dia 11 de Setembro de 2000, resultantes dos ataques perpetuados contra as torres gémeas de Nova York, e também as vítimas do golpe de Estado de Pinochet, no Chile, levado a cabo a 11 de Setembro de 1973. Louçã frisou as semelhanças entre estes dois casos: “a barbárie e o terror contra as vítimas e contra a humanidade”, e reafirmou “a importância da humanidade plena como sentido da luta da esquerda, da luta da solidariedade, da luta da justiça”.



O dirigente do Bloco, referindo-se ao rumo de Portugal, da economia e da própria vida dos portugueses, falou sobre o “fanatismo ideológico desorientado mas com um plano” do governo do PSD/CDS-PP. A este respeito, Louçã apontou como exemplo os últimos anúncios do governo no que respeita, por exemplo, à transformação da estação de metro da Baixa Chiado na PT Blue Station durante quatro anos, e ainda as contradições das declarações sobre o fim da comparticipação das pílulas ou a inclusão do Instituto de Combate à Droga e à Dependência no Instituto Ricardo Jorge.



Francisco Louçã salientou também os “dois grandes embustes” levados a cabo pelo PSD e pelo CDS-PP. Por um lado, a banalização da desigualdade e a promoção de uma caridade “autoritária, violenta e anti-democrática”, que se “tornou num negócio fluorescente”, de um governo que nos diz agora que a linha divisória para o acesso aos serviços públicos é de 550 euros.



Por outro lado, a ideia falaciosa de que precisamos de um ajustamento orçamental que justifica o aumento dos impostos e a diminuição dos rendimentos. A par desta austeridade prevalece, segundo Louçã, o “amiguismo e o facilitismo” bem patentes na gestão pública da Madeira que já representa um desvio orçamental de 500 milhões de euros e a passividade perante o grande escândalo financeiro do BPN e dos submarinos.



Este ajustamento orçamental, consubstanciado na “receita pura da troika” radicalizada pelo PSD e CDS-PP, contribui para “o risco de termos a recessão que será, provavelmente, e assim prevêem os seus fautores, a terceira mais longa recessão dos últimos 150 anos da história de Portugal”, alertou Louçã.



Para o Bloco, frisou Francisco Louçã, os objectivos são claros e passam, entre outros, pelo combate contra as privatizações e a destruição dos serviços públicos e pela defesa intransigente de propostas como o imposto sobre as grandes fortunas.



“Onde há troika não há estado social, onde há troika não há esquerda, onde há troika nem sequer há oposição”



O dirigente bloquista criticou, na sua intervenção, o sectarismo do PS contra a esquerda, “que é representado na ideia de que só há política em Portugal e só há diálogo entre aqueles que apoiarem a troika”, e frisou que “onde há troika não há estado social, onde há troika não há esquerda, onde há troika nem sequer há oposição”.



Francisco Louçã mostrou ainda a sua estranheza perante o silêncio do PS no que concerne ao combate à corrupção e o silêncio deste partido sobre a revisão constitucional e as propostas vaticinadas pela direita e fez uma referência à proposta apresentada por Angela Merkel sobre uma solução federal para a europa, que representa “uma etiqueta elegante para um estado europeu”, e que já foi citada quer por José Seguro como por Passos Coelho.



A questão europeia é, para Louçã, cada vez mais importante, sendo que, num momento em que a própria direcção do PS demonstra já não acreditar no Treatado de Lisboa, é imperativo que a esquerda defina que Europa pretende: se uma “Europa autoritária, a mando da Sra. Merkel e a mando da liberalização e da destruição dos bens públicos essenciais” ou se uma Europa “efectiva no combate ao desemprego, efectiva na promoção económica, efectiva na cooperação”.



Referendo à privatização das Águas de Portugal



“O Bloco de Esquerda lançou este fim de semana, formalmente na Assembleia da República, a iniciativa a favor de um referendo à privatização das Águas de Portugal. Queremos que esse referendo se realize”, anunciou Francisco Louçã. (Aceda ao projecto apresentado na AR)



O coordenador da comissão política do Bloco apelou a todos os “que sintam o futuro posto em causa se a água for privatizada”, ao PS e “a toda a esquerda”, a militantes do PSD e do CDS, a eleitores sem partido, cidadãos e cidadãs, a que se unam “para que esta democracia permita que a maioria possa fazer escolhas sobre uma água pública para todos”.

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