COMUNICADO
O Movimento de Professores PROmova, enquanto expressão espontânea do sentir dos professores nas escolas, não pode ficar indiferente ao estado de desânimo, extenuação e indignação que afecta a esmagadora maioria dos professores, em resultado da lógica kafkiana e da burocracia inconsequente que caracterizam o actual modelo de avaliação, impedindo-os de fazerem aquilo que melhor sabem, isto é, educar e ensinar com entusiasmo, motivação e desacorrentados de grelhas e fichas patéticas.
Consequentemente, os professores identificados com o Movimento PROmova consideram que a intenção que muitos colegas vêm expressando, no sentido de se juntarem numa manifestação, em Lisboa, no dia 15 de Novembro, constitui um momento ímpar para os professores de todo o país mostrarem que rejeitam, em definitivo, este modelo de avaliação de desempenho e as políticas educativas deste governo, na afronta que constituem à dignidade e ao respeito que a função docente deveria merecer numa sociedade civilizada.
Atendendo ao clima insuportavelmente triste e desalentado que se vive nas escolas, que apenas veio confirmar aquilo que o PROmova antecipara no ano lectivo anterior, sentimo-nos na obrigação de valorizar a manifestação do dia 15 de Novembro como uma iniciativa genuína da vontade individual dos professores, pelo que a mesma não deve ficar refém nem de sindicatos, nem de movimentos. Desta vez, os professores vão, espontaneamente, e por si próprios, manifestar a sua indignação, pelo que nenhum sindicato ou organização poderá afirmar que qualquer entendimento em vigor é a expressão do sentir de toda uma classe. Como tal, os professores não deixarão, certamente, de se organizarem nas escolas, segundo o lema "Uma escola, um autocarro", rumando a Lisboa, no dia 15 de Novembro.
Nesta sequência, aproveitamos para reafirmar a nossa incondicional oposição, tanto à lotaria que consumou a divisão arbitrária e injusta da carreira, como ao modelo de avaliação inconsistente e desacreditado que nela se suporta. Como pode um modelo de avaliação, que se quer sério e credível, sustentar-se numa diferenciação de professores que não avaliou desempenhos e desrespeitou currículos, formações, experiências e capacidades/empenhamentos? Alguém, com uma nesga de ética, o pode defender?
Além do mais, este modelo de avaliação está a provar ser improfícuo e, mesmo, contraproducente, pois não só esgota os professores inutilmente, como desmobiliza e desincentiva os mais empenhados. A filosofia penalizadora que o alimenta torna-o, quer um instrumento de desmandos para os mais deslumbrados e arrogantes, que assim encobrem lacunas pessoais e profissionais, quer um instrumento de humilhação para a esmagadora maioria dos professores, desautorizando-os e expondo-os ao ridículo, em aulas observadas em que se exige desde o pino a um enigmático timbre de voz, depois de décadas de uma docência valorizada por colegas, alunos, pais e sociedade.
É chegada a hora de darmos uma lição de democracia e de coragem a quem nos quer vergar.
Vamos rejeitar esta burocracia que funcionaliza a docência numa obsessão por condutas e por competências sem qualquer relevância pedagógica e didáctica.
E, como resposta à conflitualidade e à competitividade doentia em que nos querem mergulhar, vamos todos, em cada escola, definir os mesmos objectivos individuais e enveredar pelo trabalho em equipa e cooperativo, como recomenda aliás, uma recente resolução do Parlamento Europeu.
Por tudo isto, encontrar-nos-emos, em Lisboa, no dia 15 de Novembro.
Aquele abraço solidário.
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