Bloco critica apelo do Presidente a acordo em torno da assistência financeira
O líder parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza, considerou que o fundamental do discurso do Presidente da República, na cerimónia evocativa dos 37 anos do 25 de Abril, foi o apelo ao entendimento em torno da assistência financeira, solução que os bloquistas criticam.
Artigo | 25 Abril, 2011 - 16:05
O próximo executivo, disse Cavaco, "deve dispor de apoio maioritário na Assembleia da República." Mas já antes das eleições esse clima de entendimentos é necessário: "impõe-se um esforço de concertação para as condições de obtenção de assistência externa", acrescentou. “Do discurso do Presidente da República ressalta, acima de tudo, o facto de ele ter instado os partidos a aliarem-se em torno do acordo que venha a ser feito com a troika. Quer-nos parecer que isso, de alguma maneira, menorizou tudo mais”, afirmou José Manuel Pureza, referindo a “posição crítica” do Bloco face a esse acordo.
O líder parlamentar bloquista falava aos jornalistas após a cerimónia oficial comemorativa do 25 de Abril, no Palácio de Belém, em Lisboa, em que intervieram, além do Presidente Cavaco Silva, os antigos chefes de Estado Jorge Sampaio, Mário Soares e Ramalho Eanes.
Só o discurso do ex-Chefe de Estado Jorge Sampaio mereceu do Bloco considerações positivas, à semelhança da análise feita pelo líder da central sindical CGTP-IN, Carvalho da Silva.
“O principal recado que eu encontrei nestas quatro alocuções, foi do doutor Jorge Sampaio, ao dizer que não pudemos combater doenças novas com receitas antigas”, disse.
O Bloco, argumentou, teme que esteja em curso um acordo para uma “fórmula recessiva que vai condenar de novo o país a um ciclo de mais pobreza, de maior injustiça”. “Por isso levo muito a serio este recado do doutor Jorge Sampaio”, insistiu.
Relativamente ao apelo do Presidente de haver menos agressividade na campanha eleitoral, Pureza respondeu que, “se por agressividade se entende pequenas querelas de natureza pessoal”, o Bloco está “totalmente disposto a ir ao encontro dessa convocação”.
“Agora, não se entenda por agressividade o confronto entre propostas políticas de maneira clara”, ressalvou.
Cavaco: "Campanha não pode inviabilizar compromissos"
No início do seu discurso, Cavaco Silva começou por frisar o apelo à coesão nacional: "podemos ter ideias diferentes mas temos de nos unir quanto ao essencial: Portugal e o seu futuro".
"É fundamental que na campanha eleitoral os partidos adoptem uma conduta responsável. Os programas de cada partido devem ser apresentados com serenidade. Não se podem vender ilusões ou esconder o inadiável. Isso é travar a resolução dos problemas", afirmou o Presidente da República. Apelando ainda a que se eliminem "querelas inúteis". "Esta é uma prática de que temos de nos libertar", realçou.
Cavaco pediu, além de verdade e clareza, um baixar da temperatura entre os agentes políticos, apelando indirectamente a um consenso sobre o que venha a resultar das negociações em curso com a troika composta por representas do FMI, BCE e UE: "as próximas eleições serão um teste decisivo para o regime. Por isso a próxima campanha deve decorrer de uma forma que não inviabilize o diálogo e compromissos de que Portugal tanto necessita".
"É imperioso criar espaços de entendimento para soluções de governo". O próximo executivo, acrescentou, "deve dispor de apoio maioritário na Assembleia da República." Mas já antes das eleições esse clima de entendimentos é necessário: "impõe-se um esforço de concertação para as condições de obtenção de assistência externa".
Jorge Sampaio salientou, tal como os outros dois ex-presidentes, que a “gravidade” da situação portuguesa exige “coesão nacional”. Referindo que o Presidente da República tem uma voz “insubstituível”, o antigo chefe de Estado apontou causas para a actual situação de crise: “Foi a falta de sustentabilidade e a ausência de uma visão a longo prazo com que muitas vezes se decidiu e escolheu, comprometendo o futuro”. Jorge Sampaio sublinhou que muitas reformas estruturais ficaram por fazer e exorta a “todos, mas todos” a assumir as suas responsabilidades.
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